domingo, 15 de setembro de 2024

Chapecó do Cariri: time de futebol amador no CE homenageia vítimas da tragédia da Chape

Time da Chape do Cariri durante comemoração do título da primeira divisão da Copa Asseajuno 2023. Foto: Divulgação/Chapecó do Cariri

Uma história costurada pelo futebol fez surgir a Chapecó do Cariri, em Juazeiro do Norte, no Ceará. Fundada em 25 de fevereiro de 2016, a equipe de esporte amador recebeu esse nome para homenagear as vítimas do acidente aéreo com o avião da Chapecoense.


No entanto, antes o time se chamava Ceará Esporte Clube por influência do ex-jogador Assisinho, então atleta do Vovô, que doou material esportivo. O grupo foi rebatizado após a queda do avião que levava a delegação do Verdão do Oeste, em 28 de novembro, na Colômbia. 



A tragédia vitimou 71 pessoas, entre jogadores, dirigentes, comissão técnica, além de jornalistas e tripulantes. Dois dias depois, veio a mudança no nome da equipe de Juazeiro 


“Quando a gente subiu (de divisão), foi mesmo na época que aconteceu a tragédia. Falei com o Alan para mudarmos o nome de Ceará para Chapecó em homenagem a eles”, relatou Valdenir Andrade, técnico e fundador do time ao lado de Alan Vieira.


O grupo mudou as cores para verde e branca e também trocou de escudo, que traz duas letras “C” em referência a Chapecó e à região do Cariri. O desenho forma uma bola de futebol junto ao ano de criação.


Valdenir e Alan, antes atletas, fundaram a equipe por falta de espaço no Cruzeiro, atualmente o maior adversário do clube no bairro Pio XII. Foi assim que Val do Ceará, como é conhecido, assumiu a função de treinador. 


A CAMPEÃ CHAPECÓ DO CARIRI

A Chape do Cariri cresceu e criou raízes em oito anos. Disputou a Terceira Divisão da Asseajuno (Associação de Apoio ao Esporte Amador do Juazeiro do Norte), subiu para a Segunda e chegou ao título da Primeira, conhecida como Libertadores do Cariri, em 2023.


“Foi batizada assim pelos próprios participantes, por ser uma competição acirrada. A gente tem cerca de dez ou 12 clubes que brigam pelo título. Tem uma abrangência grande no Cariri. Tem equipes que recebem atletas até mesmo da Região Metropolitana de Fortaleza. Servimos de espelho para muitas cidades vizinhas”, detalhou Vicente Pinheiro.


A Copa Asseajuno (Campeonato Municipal de Futebol Urbano) tem três divisões e é realizada todo ano. São quatro acessos e quatro rebaixamentos, como no Brasileirão. São 72 equipes filiadas à entidade. 


O grupo tem nomes experientes e busca qualidade cada vez mais profissional. Atual campeão invicto da disputa, o elenco tem 30 atletas. Sem locais ou datas específicas, os treinos ocorrem em forma de amistosos contra equipes da região, como no CT do Icasa, do Guarani de Juazeiro, do Cariri e outros. 


“Conseguimos manter a base, saíram três ou quatro e conseguimos contratar atletas do mesmo nível. Nossa equipe é bem qualificada. Acredito que 90% dos nossos jogadores passaram pelo profissional”, reforça o treinador.


Entre eles está Sandro Nascimento, o Dodô, que iniciou a carreira no Guarani de Juazeiro e tem passagens pelo Icasa, Atlético-GO e no futebol internacional. Aos 37 anos, o volante se divide entre o campo e a vida como pastor na igreja ao lado da esposa.


“Comecei a jogar na Chapecó através de um conhecido, que comentou. Achei bacana a homenagem, que Deus possa estar guardando a todos da Chapecoense. Eu e minha esposa temos a Igreja. É no que nós trabalhamos. A gente procura ajudar as pessoas, estamos falando do amor de Cristo para as pessoas”, disse o atleta que está defendendo a equipe alviverde pelo segundo ano.


CRESCIMENTO E FUTURO

Presidente do clube desde 2017, Ueslei Simões avalia o crescimento do clube.


“Tem time de primeira divisão aqui do Ceará que não tem estrutura como a nossa. Temos uma kombi padronizada para levar material nos dias dos jogos. A gente tem duas tendas para armar perto do campo e proteger do sol, tem banquinho, cadeira para os jogadores, tem maca, massagista. Todo jogo a gente leva uma boa quantidade de frutas”, detalha.


Já Valdenir, que chegou a levantar taça justo em cima da equipe que ajudou a fundar, relembra o sonho de vencer um título com a Chape e quer mais.


“Foi uma das coisas maravilhosas que aconteceram na minha vida. Já fui campeão em outras equipes e fui feliz. Mas a alegria em ser campeão pela Chapecó foi inexplicável. Graças a Deus voltei e consegui ser campeão invicto e em cima de uma equipe que tem quatro títulos da Asseajuno. Foi um feito inédito que vai ficar no meu coração pro resto da vida. E vamos em busca de mais”, finalizou


Se em Juazeiro do Norte a Chape do Cariri une Ceará e Chapecoense numa história de solidariedade e empatia, na Série B do Brasileiro os times estão de lados opostos para mais uma rodada da competição. O Vovô e o Furacão do Oeste se enfrentam neste domingo (15), às 18h30 (de Brasília), na Arena Condá.


Fonte: Diário do Nordeste

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