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No
banco da frente, da direita para esquerda, estão
os seis membros da família.
(Foto: Patrícia Silva)
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A
noite do último sábado, dia 27 de abril, foi de festa Pascal na Paróquia São
Francisco de Assis, em Crato, não só por estar dentro do tempo litúrgico da
Páscoa, mas pela sensibilidade e solidariedade dos paroquianos que, em e como
comunidade, proporcionaram vida nova a uma família venezuelana, acolhida na
celebração eucarística presidida pelo pároco, padre Arileudo Machado.
O
motivo da imigração desta família é o mesmo que deve levar mais de 5 milhões de
venezuelanos, até o final de 2019, segundo a Organização dos Estados Americanos
(OEA), a saírem do país: a busca por uma vida melhor. “A expectativa de vir
para o Brasil era trabalho, mais que tudo trabalho. Quando eu cheguei, cheguei
só, sem os meus filhos. Então minha expectativa era conseguir trabalho para mandar
dinheiro e melhorar de vida, porque na Venezuela faltava muita coisa como
medicamentos. Não se podia comprar sapatos, não tinha dinheiro nem sequer para
comer. Por isso vim para cá. Minha expectativa aqui é melhorar de vida”,
explicou Roberta Noel, uma das venezuelanas acolhidas.
Roberta
tem 29 anos e é enfermeira. Após alguns meses em Roraima conseguiu fazer com
que seus quatro filhos (Brayan Mervil, 10 anos; Britany Mervil, 6 anos; Melanie
Mervil, 3 anos; e, Pamela Mervil, 7 meses), acompanhados de sua irmã Maribel
Noel, de 27 anos, viessem também para Brasil. A família foi beneficiada pelo
Plano Nacional de Integração Caminhos de Solidariedade: Brasil & Venezuela,
mas não sabia que seria encaminhada para o Ceará, muito menos para Crato. Com a
acolhida recebida na região Caririense, afirmam já se sentirem em casa.
Acolhida
bem demonstrada ao fim da missa, quando foram chamados ao altar para serem
apresentados à comunidade, recebendo uma calorosa salva de palmas que externou
a alegria do momento. Após a bênção final, os paroquianos fizeram questão de,
um a um, irem até eles dar o abraço de boas vindas.
Mas
a festa não acabou por ai. Todos foram convidados à participarem do jantar de
recepção que aconteceu no pátio, ao lado da Igreja Matriz, concluindo o dia
Pascal que marca o início da nova na vida para mais uma família venezuelana.
Decisão
Comunitária
Na
Paróquia São Francisco de Assis cada passo para acolhida da família venezuelana
foi dado em comunidade. “Primeiramente foi apresentada uma proposta e eu
convidei algumas pessoas para escutarem e se comprometerem, enquanto
comunidade. Eles acolheram e começamos os preparativos para esta missão. Na
verdade toda nossa quaresma foi como gesto concreto para realizarmos esse
momento de hoje”, explicou o pároco.
Eles
montaram a casa para que a família tivesse condições de morar nela e
conseguiram alimentos para os três primeiros meses, trabalhando em comum.
“Somos gratos a todos que, mesmo sem ter muito, foi capaz de abrir o seu
coração e doar do seu nada para que o outro pudesse ter alguma coisa. Esta
experiência nos lembra a dos primeiros cristãos que colocavam tudo em comum e
não haviam necessitados entre eles”, disse Neide Souza, membro da paróquia.
Agora,
além de procurarem inseri-los no seio da comunidade e da sociedade de Crato, a
comunidade deve ajudá-los a tirarem os documentos e conseguirem emprego. As
crianças serão matriculadas na escola e, no turno em que estiverem livres,
devem participar das atividades disponibilizadas pela Pastoral do Menor.
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Acolhida
no aeroporto
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Festa na
madrugada
A
celebração da noite foi apenas a conclusão da festa, pois ela teve inicio bem
mais cedo, na verdade na madrugada do dia 27, por volta das 3h, quando a
família venezuelana desembarcou no Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes, em Juazeiro
do Norte, e a família da Paróquia São Francisco de Assis estava lá, com o
pároco e representantes da comunidade, para acolhê-los.
“Estávamos
no aeroporto e quando eles saíram da sala de desembarque a comunidade começou a
cantar ao som do violão, contagiando as demais pessoas que começaram a cantar
também. Foi muito bonito. Vi ali o quanto a boa ação pode influenciar o outro e
o quanto podemos mudar uma realidade. Estamos vivenciando o sentido da
partilha, da solidariedade”, relatou, emocionado, padre Arileudo.
Os
primeiros passos
O
desejo de acolher a família venezuelana foi suscitado, segundo o pároco, em
novembro do ano passado, durante o encontro dos presbíteros da diocese de
Crato. “Nós tivemos um grande envolvimento da comunidade paroquial na primeira
campanha que foi feita por dom Mário, bispo de Roraima, que pediu auxílio a dom
Gilberto. O nosso bispo acolheu e apresentou aos padres a proposta de realizar
uma campanha para arrecadação de alimentos. Nossa paróquia teve bom êxito na
arrecadação e, depois disso, sentimos que podíamos dar um passo a mais”, falou.
A
partir dai os membros da comunidade foram se mobilizando para, diante da
realidade local e da abertura das pessoas, receberem uma família.
A
articulação para que a Paróquia pudesse receber a família foi feita entre a
Cáritas Diocesana de Crato e a Cáritas Diocesana de Roraima.
O
professor Janailton Coutinho, que faz parte do Comitê de Migração e Refugio da
Diocese de Crato, informou, ao fim da celebração, que 50 famílias venezuelanas
devem ser acolhidas nesta região. Por: Jornalista Patrícia Silva – Diocese de
Crato