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Segundo o Reitor Ricardo Ness, hoje a UFCA está praticamente autônoma da UFC. Ainda há algo de folha de pagamento e transferência de patrimônio, mas até o fim do ano encerra. (Foto: Antonio Rodrigues) |
Juazeiro
do Norte. Há pouco mais de
cinco anos, no dia 5 de junho de 2013, por meio da Lei Federal Nº 12.826,
sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff, era criada a Universidade Federal
do Cariri (UFCA), a partir do desmembramento da Universidade Federal do Ceará
(UFC). Além da Terra do Padre Cícero, os campi de Barbalha e Crato, que
compunham um campus avançado na Região, se integraram à nova instituição. Na
mesma Lei, mais dois novos campus foram criados: em Icó e Brejo Santo. Hoje,
ela ainda não possui total autonomia da Universidade sediada na Capital cearense,
mas já projeta sua "independência" até o fim deste ano.
No entanto, dois anos
antes, a criação da UFCA gerava muita discussão entre professores e estudantes
do antigo campus avançado da UFC. "De pronto, as reações foram diversas e,
de fato, fomos pegos de surpresa. Disseram que era uma proposta de longo prazo.
Tínhamos só cinco anos de campus", lembra o reitor da UFCA, o professor
Ricardo Ness. Na época, foi formada comissão de implantação com setores da
sociedade e, internamente, foram criados grupos de trabalho para pensar essa
nova universidade. Muitos destes grupos se tornaram pró-reitorias.
Primeiros
passos
"Não tivemos
nenhuma ingerência sobre a proposta. Ela já veio com número de docentes e
servidores estipulados e a proposta de chegar a cerca de 7 mil alunos em
2017", conta Ricardo. Este número não foi atingido. Hoje, há cerca de 3
mil matrículas ativas na Instituição. Em 2013, quando foi criada, a UFCA tinha
apenas 65 servidores e, durante muito tempo, sobre a gerência administrativa da
UFC. "Havia uma autonomia financeira, mas não tinha corpo técnico
capacitado para gerir esses recursos, fazer licitação, terminar um termo de
referência. Sempre se contou muito com a UFC", acrescenta.
Em 2014, houve um
grande concurso, e já começaram as nomeações rapidamente. Destes, muitos foram
para Fortaleza ser treinados, principalmente na área de administração. Cursos
foram trazidos e servidores enviados para capacitação em outros locais. Com o
"vai e vem" de profissionais, a UFCA foi se consolidando. Hoje,
possui 276 técnicos-administrativos, a maioria com vínculos fortes na região.
"Hoje, somos
praticamente autônomos da UFC. Ainda temos alguma coisa relacionada a folha de
pagamento, mas até o fim do ano encerra. Esse quinto ano é o ano de autonomia.
Ainda há uma transferência de patrimônio a ser fechada, mas conseguimos fazer
toda migração de dados do sistema acadêmico para cá. Vamos prorrogar a parceria
com a UFC por mais um ano, mas os vínculos administrativos vão se tornar mais
fracos", acredita Ricardo Ness.
O número de 7 mil
alunos matriculados não foi atingido porque a gestão da nova universidade se
preocupou em atender demandas antigas dos cursos já existentes. Por exemplo, no
curso tecnólogo de Design de Produtos, que havia uma carência de laboratórios
de joias e calçados, um já está em uso e o último será entregue em breve.
Inclusive, esta graduação está em processo de extinção e se tornou um
bacharelado em Design. Muitos equipamentos também foram comprados e, até agora,
nenhuma nova graduação, além das criadas em Icó e Brejo Santo, saíram do papel.
Novos
cursos
Agora com a parte
física mais consolidada, o reitor acredita que novos cursos serão criados em
Juazeiro do Norte, Crato e Brejo Santo. Será um "crescimento
planejado", como ele descreve, pois, será a partir da estrutura já
existente de prédios e laboratórios. Devem ser implementadas a partir de 2019
as graduações em Ciências Contábeis, Letras (Libras), Ciências da Computação,
Matemática Computacional, em Juazeiro do Norte; Pedagogia, em Brejo Santo; e
Medicina Veterinária, em Crato.
No entanto, outras
propostas ainda deverão ser avaliadas e aprovada pelo Conselho Superior Pro
tempore (Consup). São eles: Cinema e Audiovisual, Arquitetura, Física,
Engenharia Mecânica, Arquivologia e Museologia. A UFCA deverá saltar de 15
cursos de graduação - dois estão sendo extintos - para 25.
"Os primeiros
cursos já têm professores. Os outros vamos fazendo concurso
paulatinamente", adianta Ricardo Ness. Já a pós-graduação, possui três
especializações: Economia Solidária, Ambientes de Sistema de Informação e
Permacultura, além da Residência médica em seis linhas da Saúde. Além disso,
possui mestrado profissional em Matemática e Biblioteconomia; e acadêmico em
Bioquímica e Biologia Molecular; e Desenvolvimento Regional Sustentável.
No entanto, já tem
perspectiva de novas pós-graduações, como a especialização em Libras. Também
foram enviadas cinco propostas de mestrados que são: Administração em Gestão da
Inovação, Ensino de Ciências e Matemática, ambos profissionais; Ciências
Médicas II; Comunicação e Cultura; e Filosofia. Os três últimos são acadêmicos.
Os documentos necessários para a efetivação dos cursos, em sua primeira etapa,
já foram entregues.
Para adequar os novos
cursos, a UFCA está passando por obras de urbanização no campus de Juazeiro do
Norte. São quase R$ 4 milhões investidos. Os prédios já criados terão
interligação que possibilitará a inauguração da Residência Universitária.
Contribuição
Não só com pesquisas e
projetos de extensão, mas UFCA tem contribuído para inserção de profissionais
no mercado de trabalho local. São 270 empresas públicas e privadas com convênio
ativo recebendo os estudantes para os estágios. Além disso, 80% dos alunos são
oriundos de escolas públicas. "É uma universidade bebê. Mas com um papel
de inclusão", acredita Ricardo Ness. Fonte: Diário
do Nordeste