sábado, 6 de dezembro de 2025

Com mais da metade dos feminicídios do Ceará, Cariri adere à mobilização nacional ‘Mulheres Vivas’ neste domingo (7)


Em resposta à escalada da violência de gênero que marca o ano de 2025, o município de Juazeiro do Norte será palco, neste domingo (7), de um ato integrante da mobilização nacional Mulheres Vivas. A concentração ocorrerá a partir das 8h, no Mercado do Pirajá, espaço de grande circulação e forte simbolismo popular na região do Cariri.


A ação ganha relevância por ocorrer durante os 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, campanha que segue até 10 de dezembro. Em Juazeiro do Norte, a mobilização busca chamar a atenção para um cenário alarmante: o Cariri desponta como um dos territórios mais letais para mulheres no Ceará.


“O Cariri adere a este movimento nacional por uma necessidade urgente de sobrevivência. Os dados evidenciam que somos hoje o território mais perigoso para ser mulher no Ceará, e isso exige uma resposta à altura. Não podemos aceitar passivamente que 24 vidas tenham sido interrompidas aqui em somente um ano. Por isso, convido todas as mulheres para ocuparmos o Mercado do Pirajá neste domingo. Nossa presença é a única forma de mostrar que estamos atentas, unidas e que não vamos recuar até que todas estejam seguras”, afirma Joana Gomes, uma das organizadoras da mobilização.


Cariri: epicentro da violência no estado

A urgência do ato se confirma pelas estatísticas recentes. Segundo o boletim Elas Vivem, que monitora a violência de gênero no Brasil, a região do Cariri registrou 24 feminicídios em 2024. O número revela uma gravidade desproporcional: sozinha, a região respondeu por mais da metade dos casos ocorridos em todo o Ceará no ano passado, que somaram 45 mortes.


O levantamento aponta ainda uma tendência de crescimento da violência letal no estado. Os índices de 2024 superaram em 7% o número de feminicídios de 2023, quando foram registradas 42 mortes. Diante desse cenário - agravado pela violência doméstica, obstétrica e institucional -, o movimento cobra ações educativas permanentes e políticas públicas eficazes para enfrentar essa realidade.


Omissão e cenário nacional

O movimento Levante Mulheres Vivas é impulsionado pela indignação coletiva após crimes recentes de grande repercussão, como o assassinato da estudante Catarina Karsten (SC), o ataque a servidoras no Cefet (RJ) e o atropelamento de Tainara Souza Santos (SP).


A Pesquisa Nacional de Violência Contra a Mulher, divulgada pelo DataSenado em novembro, revelou que 3,7 milhões de brasileiras sofreram algum tipo de violência doméstica ou familiar em 2025.


O estudo destacou ainda que a taxa de omissão da sociedade chega a 40% nos casos de violência contra mulheres presenciados por terceiros - testemunhas adultas que, em sua maioria, assistem sem intervir ou oferecer ajuda.


Já dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) mostram que o Brasil ultrapassou mil vítimas de feminicídio em 2025, uma média de quatro mulheres assassinadas por dia.

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