terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Audiência pública discute os impactos das obras do Cinturão das Águas na região do Cariri

Foto: Blog do Ambrósio Santos

Queimadas, poeira, poluição sonora, circulação irregular de veículos, desmatamento, desvio no curso de riachos, poluição de mananciais, atraso nas indenizações, falta de informações e transparência por parte do governo e das construtoras... Os moradores dos distritos de cidades do Cariri cearense atingidos pelas obras do Cinturão das Águas do Ceará (CAC) relatam inúmeros problemas relacionados ao avanço do empreendimento na região. 


A situação vai ser tema de uma audiência pública a ser realizada na próxima sexta-feira (5), às 14h, no Salão das Atos da Universidade Regional do Cariri (URCA), no Crato. O encontro, que vai discutir os impactos socioambientais do Cinturão das Águas, é realizado pela Comissão de Direitos Humanos e Cidadania (CDHC) da Assembleia Legislativa e foi requerido pelo deputado estadual Renato Roseno (PSOL). 


As obras já se arrastam há quinze anos na região do Cariri. Ao longo desse tempo, a CDHC já realizou três audiências públicas para discutir o tema: uma primeira em junho de 2015, na Câmara Municipal do Crato; uma segunda em abril de 2017, no Centro Cultural do Assentamento 10 de Abril; e uma última em novembro de 2023, na Câmara Municipal do Crato. Na audiência de sexta-feira, serão discutidos os impactos das obras nas comunidades dos trechos localizados nas cidades de Crato e Barbalha.


“Essa obra vem trazendo vários transtornos para a comunidade, pela questão do desmatamento, do assoreamento e também da poeira. É muita poeira, que afeta a questão da respiração de idosos, crianças, pessoas especiais, de todos, da comunidade no geral”, denuncia Francisco de Assis Nicolau, agricultor e vice-presidente da Associação Comunitária dos Agricultores Familiares Sagrada Família do distrito de Baixio do Muquém, no Crato.


De acordo com Nicolau, nos últimos tempos, as comunidades passaram a sofrer também com a fumaça dos incêndios no entorno das obras. “A gente ficou até assim neutralizado porque não tem informação sobre de onde vem, sobre como começou essa questão do incêndio, que é enorme”, alerta. “E não afeta só a nossa comunidade, mas toda a mata ciliar que a gente tem no relevo no sopé da Chapada do Araripe”. 


Relato parecido faz a professora Cristina Nobre, moradora do Baixio das Palmeiras. “O CAC está passando de forma muito agressiva pela nossa comunidade, provocando muitos transtornos e muitas preocupações”, afirma. “Há muito desmatamento, muita poeira, muito barulho de máquinas trabalhando, inclusive fora do horário que foi combinado em reunião com a comunidade. Também há carros da empresa circulando em alta velocidade, sem respeitar o limite de velocidade da comunidade”. 


Autor do requerimento da audiência, o deputado Renato Roseno lembra que, durante muito tempo, essas comunidades sofreram e ainda sofrem pela insuficiência de informações sobre o andamento da obra e se terão acesso à água que está sendo captada pelo projeto. “Outros questionamentos são sobre os impactos ambientais da obra, a implementação de estruturas de acesso dos moradores aos equipamentos públicos (escolas, postos de saúde etc.), a segurança dos moradores durante a execução e a compensação ambiental prevista no EIA/RIMA”, afirma.


Serviço:

Audiência Pública sobre os 15 anos das obras do Cinturão das Águas do Ceará na região do Cariri. Sexta-feira (5.12), 14h, no Salão de Atos da URCA, no Crato.

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