O terceiro mês da quadra chuvosa deste ano no Ceará vem mantendo a tendência dos antecessores. Segundo dados preliminares da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), já choveu 220,9 milímetros (mm) no Estado neste abril. A marca é a melhor para o período desde 2009.
Com ainda três dias para o fim do mês, este abril está 15,9% acima da normal climatológica para os 30 dias. A segunda melhor marca desde 2010 foi em 2018, quando choveu 213,9 mm. Já em 2009, um dos anos mais chuvosos da história do Ceará, o volume pluviométrico foi de incríveis 377,1 mm — uma das maiores cifras mensais já registradas.
Apesar de um prognóstico de maior chance de chuvas abaixo da média, 2024 vem sendo um ano de ótimas médias pluviométricas. Para se ter uma medida, fevereiro foi atingida a maior marca na série histórica de Fortaleza, enquanto o Estado como um todo fechou 90,1% acima do esperado, com mais de 230 mm de chuva.
Março, tradicionalmente o mês mais chuvoso no Ceará, fechou 13% acima da normal climatológica, com 233,3 mm. Ao todo, o trimestre já acumula 684,8 mm de chuva, marca 32,1% maior do que a média histórica dos três meses mais chuvosos de quadra invernosa. A cifra é tão significativa que já supera em 12,4% o esperado para todo o quadrimestre.
Abril nas regiões hidrográficas do Ceará
O território do Ceará é dividido em 12 áreas de medição de chuva. Destas, nove já superaram a normal climatológica para abril. As três que ainda não o fizeram, entretanto, já estão na faixa considerada "em torno da média" pela Funceme.
O melhor resultado é a bacia do Salgado. Foram 259,4 mm, 49,1% acima da média histórica. Alto Jaguaribe e Baixo Jaguaribe também já tiveram pelo menos 40% mais chuva do que o esperado.
Serra da Ibiapaba (-17,9%), Médio Jaguaribe (-16,9%) e Banabuiú (-1,1%) têm os resultados mais tímidos. Entre as macrorregiões, apenas Ibiapaba ainda não superou a normal climatológica.
Abril nos municípios do Ceará
O Ceará é formado por 184 municípios. Destes, 137 já tiveram mais chuvas em abril do que o esperado. A cifra representa 74% das cidades cearenses.
Em volume total, o município mais chuvoso é Barroquinha, na divisa com o Piauí. Foram já 518,6 mm, 84,2% a mais do que a média histórica. Percentualmente, o maior resultado foi de Salitre, no Sertão Central e Inhamuns. Foram "apenas" 285 mm, o que representa 246,5% mais do que a média histórica de 82,3 mm.
Fortaleza está entre as 37 cidades que ainda não superaram a média mensal. Foram até agora 307,5 mm, ante os 367,3 mm considerados normais.
Apenas cinco municípios cearenses não registraram mais chuvas do que a média para o trimestre fevereiro, março, abril: Mucambo (-27,6%), Ibiapina (-23,4%), Pedra Branca (-11,8%), Graça (-6,3%) e Guaraciaba do Norte (-5,5%). Barroquinha lidera a métrica tanto em volume nominal (2.097,3 mm), quando em percentual (170,6% acima da média).
Volume de chuvas em abril no Ceará
2009 - 377,1 mm (+97,8% que a média)
2010 - 159,9 mm (-16,2%)
2011 - 195,6 mm (+2,6%)
2012 - 48 mm (-74,8%)
2013 - 131,1 mm (-31,3%)
2014 - 121,7 mm (-36,2%)
2015 - 104,1 mm (-45,3%)
2016 - 95,1 mm (-50,1%)
2017 - 110,3 mm (-42,2%)
2018 - 213,9 mm (+12,2%)
2019 - 190,8 mm (0%)
2020 - 179 mm (-6,1%)
2021 - 124,4 mm (-34,7%)
2022 - 182,1 mm (-4,5%)
2023 - 181,7 mm (-4,7%)
2024 - 220,9 mm (+15,9 mm)
Fonte: Funceme
73 açudes estão sangrando no Ceará
O Ceará chegou, em abril, à maior marca de açudes sangrando desde 2009, quando 111 reservatório atingiram 100% da capacidade.
Hoje, são 73 açudes vertendo, entre os 157 monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). O maior deles é o Araras, em Varjota, com 859 hectômetros cúbicos de capacidade.
Os três maiores do Ceará atingiram níveis confortáveis, em comparação com os últimos anos. O Castanhão, maior da América Latina, tem 35,59% de seu potencial. O Orós, segundo maior do Brasil, está em 73,13%. O Banabuiú, terceiro de maior porte no Ceará, tem 42,05%.
Fonte: O Povo
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