
O
presidente, conforme cientistas políticos entrevistados pelo Diário do
Nordeste, terá, ainda, pela primeira vez, a chance de comandar a articulação
política do Governo, até então desencontrada por aliados. Quase seis meses
depois de assumir a Presidência da República, o militar reformado aponta,
agora, para a região como um novo caminho para o Governo.
Em
Petrolina, cidade pernambucana, o presidente vai entregar um conjunto
habitacional do programa Minha Casa Minha Vida. Já na Capital do Estado,
Recife, ele deverá anunciar um acréscimo de R$ 2,1 bilhões ao Fundo
Constitucional de Financiamento do Nordeste, a ser usado em obras de
infraestrutura. É aguardada uma reunião com os governadores da região no mesmo
dia.
Na
pauta, agendas de interesse dos Estados, como o controle e a atuação de órgãos
regionais, a exemplo do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), da Superintendência
do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), do Departamento Nacional de Obras
Contra as Secas (Dnocs), entre outros.
Congresso
Antes
da viagem a Pernambuco, o presidente tem encontro em Brasília, nesta
quarta-feira (22), com parlamentares da bancada do Nordeste no Congresso
Nacional. O coordenador da bancada cearense, deputado federal Domingos Neto
(PSD), lista prioridades a serem levadas para a reunião.
"Recursos
para obras estruturantes no Nordeste, medidas que protegem a região, como a
prorrogação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
e de Valorização dos Profissionais da Educação), a manutenção do BNB (Banco do
Nordeste), além de aumentar 1% do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) do
mês de setembro", cita.
A
nomeação, a ser confirmada, do sanfoneiro e empresário pernambucano Gilson
Machado Neto para a Embratur também é vista como aceno de Bolsonaro à região.
Cleyton
Monte, cientista político e pesquisador do Laboratório de Estudos sobre
Política, Eleições e Mídia, da Universidade Federal do Ceará (UFC), situa o
desafio do presidente nos próximos dias em meio às dificuldades do Governo em
Brasília. "É uma região onde residem os principais opositores do
presidente. Uma coisa é eleição, outra coisa é administração. Desde que tomou
posse, o presidente, nos seus discursos e nas mensagens virtuais, não acenou
proximidade com o Nordeste, não estabeleceu pontes com a região, e isso acabou
acarretando no distanciamento dos governadores", analisa.
Monte
lembra ainda que, desde a redemocratização, nenhum presidente brasileiro
conseguiu aprovar agendas estruturantes sem os votos do Nordeste. Negociar com
governadores hostis à agenda do Palácio do Planalto, portanto, é um teste para
o chefe do Executivo. "O presidente tem que ser o grande articulador do
Governo. A partir do momento em que ele abre mão dessa possibilidade, está
abrindo mão do futuro político do Governo dele", explica.
Cientista
político da Universidade de Fortaleza (Unifor), o professor Francisco Moreira
Ribeiro considera a viagem de Bolsonaro e o encontro com os governadores um
passo importante para a governabilidade e aprovação das pautas prioritárias da
gestão. Diário do
Nordeste
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