terça-feira, 21 de maio de 2019

Bolsonaro terá vitrine de agendas em primeira viagem ao Nordeste


Em clima de desgaste diante da opinião pública, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) terá oportunidade de contra-atacar notícias negativas ao Governo em visita inédita ao Nordeste. A viagem, marcada para a próxima sexta-feira (24) ao Estado de Pernambuco, é uma vitrine de agendas. A começar pela reforma da Previdência, que encontra ampla resistência de nordestinos no Congresso.

O presidente, conforme cientistas políticos entrevistados pelo Diário do Nordeste, terá, ainda, pela primeira vez, a chance de comandar a articulação política do Governo, até então desencontrada por aliados. Quase seis meses depois de assumir a Presidência da República, o militar reformado aponta, agora, para a região como um novo caminho para o Governo.

Em Petrolina, cidade pernambucana, o presidente vai entregar um conjunto habitacional do programa Minha Casa Minha Vida. Já na Capital do Estado, Recife, ele deverá anunciar um acréscimo de R$ 2,1 bilhões ao Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, a ser usado em obras de infraestrutura. É aguardada uma reunião com os governadores da região no mesmo dia.

Na pauta, agendas de interesse dos Estados, como o controle e a atuação de órgãos regionais, a exemplo do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), entre outros.

Congresso
Antes da viagem a Pernambuco, o presidente tem encontro em Brasília, nesta quarta-feira (22), com parlamentares da bancada do Nordeste no Congresso Nacional. O coordenador da bancada cearense, deputado federal Domingos Neto (PSD), lista prioridades a serem levadas para a reunião.

"Recursos para obras estruturantes no Nordeste, medidas que protegem a região, como a prorrogação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), a manutenção do BNB (Banco do Nordeste), além de aumentar 1% do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) do mês de setembro", cita.

A nomeação, a ser confirmada, do sanfoneiro e empresário pernambucano Gilson Machado Neto para a Embratur também é vista como aceno de Bolsonaro à região.

Cleyton Monte, cientista político e pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia, da Universidade Federal do Ceará (UFC), situa o desafio do presidente nos próximos dias em meio às dificuldades do Governo em Brasília. "É uma região onde residem os principais opositores do presidente. Uma coisa é eleição, outra coisa é administração. Desde que tomou posse, o presidente, nos seus discursos e nas mensagens virtuais, não acenou proximidade com o Nordeste, não estabeleceu pontes com a região, e isso acabou acarretando no distanciamento dos governadores", analisa.

Monte lembra ainda que, desde a redemocratização, nenhum presidente brasileiro conseguiu aprovar agendas estruturantes sem os votos do Nordeste. Negociar com governadores hostis à agenda do Palácio do Planalto, portanto, é um teste para o chefe do Executivo. "O presidente tem que ser o grande articulador do Governo. A partir do momento em que ele abre mão dessa possibilidade, está abrindo mão do futuro político do Governo dele", explica.

Cientista político da Universidade de Fortaleza (Unifor), o professor Francisco Moreira Ribeiro considera a viagem de Bolsonaro e o encontro com os governadores um passo importante para a governabilidade e aprovação das pautas prioritárias da gestão.           Diário do Nordeste

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