O fim
do prazo da tributação especial para obras do Minha Casa, Minha Vida pode ser
mais um baque para um setor que já vinha amargando números difíceis nos últimos
anos. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José
Carlos Martins, alertou ontem (20) para a possibilidade de prejuízo para a
construção civil, caso o benefício, que só deve continuar valendo até o fim
deste ano, não seja prorrogado. No Ceará, contratos em andamento para entre 5 e
6 mil unidades do programa no Ceará podem ser afetados com o fim do tributo
especial, de acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará
(Sinduscon-CE).
A
indústria da construção civil que trabalha com esse tipo de obras deve perder
5% por contrato do programa, segundo a CBIC. O assunto, segundo o presidente da
entidade, foi discutido durante a reunião que teve com o presidente Michel
Temer no Palácio do Planalto.
O
diretor de Obras de Habitação de Interesse Social do Sinduscon-CE, Clausens
Duarte, explica que o Regime Especial de Tributação (RET) unifica os impostos
devidos e é responsável por reduzir de 7% para 1% a alíquota sobre o valor do
faturamento das construtoras. Para ele, caso o prazo não seja prorrogado, o
setor da construção no Estado do Ceará deve sofrer com um "prejuízo de
mais de 5% por contrato".
"A
tributação especial foi instituída com o intuito de incentivar a habitação de
interesse social, tanto que é um regime específico e exclusivo para unidades
com valor até R$ 100 mil", ressalta Duarte. Conforme ele, atualmente estão
em andamento do Estado entre cinco e seis mil unidades do programa que atendem
aos requisitos para ter direito ao tributo especial.
"Esses
contratos (do Minha Casa, Minha Vida) foram responsáveis por amenizar a
situação do setor até amenizar a baixa no nível de emprego da Construção,
porque nos demais segmentos, de imóveis mais caros, tivemos um volume de
demissões muito elevado por falta de novos lançamentos em decorrência do
mercado. O risco de aumento da alíquota pode representar a eliminação do lucro
do negócio", detalha Duarte.
Na
avaliação do economista Alex Araújo, a tributação especial deve ser mantida,
"independente da gestão do País" após as eleições. "A próxima
gestão deverá vir com incentivos para o setor exatamente por esse aspecto de
gerar rapidamente postos de trabalho e, no geral, a construção civil tem uma
capacidade muito grande de absorver uma mão de obra pouco escolarizada",
ressalta. Ele lembra ainda que o setor se utiliza de muitos insumos produzidos
dentro do próprio País, o que faz da atividade estratégica para uma cadeia. Diário do Nordeste
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