sábado, 21 de novembro de 2015

Deputados estão receosos sobre repasses para a seca

Para a peemedebista Silvana Oliveira, não existe dinheiro em caixa para o Governo investir no combate aos efeitos da estiagem ( FOTO: JOSÉ LEOMAR )
Deputados cearenses na Assembleia Legislativa estão receosos quanto à liberação por parte do Governo Federal de recursos para amenizar os efeitos da seca no Estado. De acordo com as informações repassadas por alguns parlamentares entrevistados pelo Diário do Nordeste, não há dinheiro em caixa para que os repasses sejam concretizados, o que inviabiliza a promessa da presidente Dilma Rousseff a governadores nordestinos, em reunião no Palácio da Alvorada, na última quinta-feira.
Depois da reunião com a presidente Dilma Rousseff, o governador do Ceará, Camilo Santana, afirmou que os financiamentos do Governo Federal serão utilizados para a instalação de dessalinizadores, construção de adutoras de montagem rápida e perfuração de poços e reforço na Operação Carro-Pipa em zonas urbanas. No entanto, muitos deputados estão descrentes quanto à vinda desses recursos para o Estado neste período de seca.
Para a peemedebista Silvana Oliveira, não existe dinheiro em caixa para o Governo investir no combate aos efeitos da estiagem. Segundo ela, as principais áreas da administração pública passam por um período de falta de recursos e, portanto, seria inviável a presidente prometer tais aportes para a seca. "Ela vai tirar de onde se eles acabaram com o dinheiro do País?", questionou.
"Eu não acredito em Governo sem dinheiro, seja ele Estadual ou Federal", declarou o deputado Bruno Gonçalves (PEN). Segundo ele, apesar de o Brasil ser um dos países que mais arrecadam no mundo, ainda emprega de forma ruim o dinheiro público. O parlamentar atribui a deficiências na gestão pública.
Adutoras
Conforme o deputado, a presidente Dilma Rousseff destinou para o Ceará cerca de R$ 70 milhões, visando à construção de adutoras no Estado. Entretanto, é preciso que o Governo do Estado analise a possibilidade de alternativas para as adutoras, uma vez que, sem previsão de chuvas para o Ceará nos próximos meses, há possibilidade de que os equipamentos venham a secar.
"O Governo vai ter que criar mecanismos de se buscar água. O governador Camilo precisa se preocupar urgentemente, visto a possibilidade de mais seca. Mais de R$ 500 milhões foram gastos só com adutoras. E temos que encontrar outras maneiras de se consumir água potável", destacou Bruno Gonçalves.
O parlamentar afirmou que a Transposição das Águas do Rio São Francisco é a solução para o Nordeste, mas o próprio rio passa por uma situação crítica. "Sabemos que até essa medida é falível e, por isso, o governador Camilo deveria ter um aporte de dinheiro, junto com o Governo Federal, para resolver de vez o problema do abastecimento de água no Ceará", ponderou.
O deputado Elmano de Freitas (PT) ressaltou que não é aceitável o Governo não ter recursos para a convivência com a seca no Nordeste, apontando que as políticas para minorar os problemas da estiagem vão diretamente ao encontro da tentativa dos estados nordestinos de diminuírem a desigualdade regional ainda existente no País.
Segundo ele, quando o Estado de São Paulo passou por um período de crise hídrica, o Governo Federal liberou R$ 800 milhões para ajudar os municípios paulistas. Para ele, o mesmo deve ser feito em relação aos estados nordestinos.
"Nós estamos há quatro anos passando por uma situação de estiagem e não cabe discussão de dizer que não tem recursos. Isso é necessário. Que diminua o Minha Casa, Minha Vida. É ruim, mas pior é não ter água", apontou o petista.
Incisivas
Roberto Mesquita disse que o Ceará vive de "pires na mão", por isso, em sua opinião, fazem-se necessárias ações mais incisivas por parte do governador para tentar trazer mais recursos para o Estado. "O governador Camilo disse que a presidente Dilma Rousseff deveria privilegiar o Ceará, no sentido de fazer com que os recursos que a União tem passem para a Saúde, para o Cinturão das Águas e para a Transposição. Ele quer que a presidente Dilma cumpra com seus compromissos, até porque o Estado não tem como bancar o Cinturão das Águas", defende.
O petista Manoel Santana afirmou que, para a Transposição e Cinturão das Águas, há recursos garantidos na Lei Orçamentária Anual (LOA), além de convênios para construção de mais adutoras e reservatórios de água. Segundo ele, o Governo Federal está procurando equilibrar suas finanças no intuito de conseguir recursos para enfrentar os principais problemas da gestão, dentre eles a seca no nordeste brasileiro. Porém, o petista ressaltou que a curto prazo serão necessárias muitas restrições e maior capacidade da União.

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