Em assembleia realizada na tarde desta segunda-feira, 17 de junho de 2024, membros do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará (Adufc) decidiram manter o movimento paredista, que já perdura a dois meses. A previsão é que uma nova assembleia seja convocada até o final desta semana para discutir a possibilidade de saída da greve.
“A gente traria, na próxima assembleia, a possibilidade de saída da greve a depender das orientações do comando nacional de greve e a depender dos resultados de eventuais negociações que possam haver com o Governo”, explicou o vice-presidente do Sindicato, Roberto da Justa, durante a assembleia.
Nesta segunda-feira, a pauta discutida foi a avaliação geral da greve e a análise de conjuntura. A última proposta do Governo Federal foi apresentada no dia 15 de maio. Nela, foi sugerido o reajuste salarial de 0% em 2024, 9% em 2025 e 3,5% em 2026. O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), por sua vez, apresentou uma contraproposta, exigindo o reajuste de 3,68% em 2024, 9% em 2025 e 5,16% em 2026.
O encontro foi realizado no jardim da Reitoria da UFC, por volta das 15h30min e contou com a presença de 142 docentes da Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Cariri (UFCA) e da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Os membros participaram da reunião tanto na modalidade online quanto na presencial.
Para a presidente do Adufc, Irenísia Oliveira, a iniciativa dos docentes em dar continuidade ao movimento paredista decorre da “intransigência” do Governo Federal em negociar o reajuste salarial com os professores. Além disso, ela reiterou que as falas do presidente Lula e do ministro da Educação, Camilo Santana, afirmando que as greves causam “prejuízo para o Brasil e para os alunos”, impulsionou a decisão dos docentes.
“Aquela fala infeliz foi um desrespeito, tanto com a organização sindical como com as próprias bases, é como se os docentes não soubessem avaliar. A do Camilo foi pior porque vem repetindo isso, que nós não precisamos entrar em greve, então é uma espécie de desqualificação da nossa capacidade de avaliar e tomar decisões”, ponderou.
Aposentada há mais de 15 anos, a então professora do departamento de Psicologia da UFC, Ângela Pinheiro, defendeu que o movimento grevista decorre da tentativa do governo em segregar as pautas de interesse dos docentes, que, segundo ela, estão reivindicando o reajuste salarial que se trata de uma “pauta mínima”.
“Segundo a minha experiência como estudante e professora, as conquistas de defesa do ensino superior referenciado socialmente sempre foram frutos de lutas e quando não há uma receptividade, como agora, é necessário greve”, seguiu. Por que outras categorias receberam reajuste, principalmente na área da Segurança Pública?”, perguntou.
Foi apresentada na assembleia conquistas obtidas desde o início da greve, no dia 19 de abril. Dentre os feitos estão a recomposição parcial do orçamento das instituições federais; a conquista de 5.600 bolsas permanência para estudantes indígenas e quilombolas; a implementação do reajuste de benefícios, como auxílio alimentação, auxílio saúde suplementar e auxílio-creche; e o início da Mesa Setorial Permanente de Negociação do Ministério da Educação (MEC).
Fonte: O Povo
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