domingo, 12 de março de 2023

Ipuzinho sangra e Ceará chega ao 7º reservatório com 100% de abastecimento em 2023


O Açude Itapajé, conhecido como Ipuzinho, é o 7º reservatório cearense monitorado pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) a sangrar. Na última quarta-feira, 8, o açude ultrapassou sua lâmina máxima, sendo o primeiro da Bacia do Curu a verter suas águas em 2023. O reservatório tem volume total de 4,2 milhões de m³ e abastece a sede do município de Itapajé.


Outros seis reservatórios no Ceará estão sangrando, segundo dados do Portal Hidrológico consultado pela reportagem. São eles: Valério, Quandú, Acarape do Meio, Germinal, Tijuquinha e Rosário. O abastecimento hídrico do Estado é de 31,4%. Neste ano, o Ceará finalizou o mês de fevereiro, primeiro da quadra chuvosa, com a melhor reserva hídrica em 10 anos.


ABASTECIMENTO


Mesmo com bom abastecimento findado o primeiro mês da quadra chuvosa, algumas bacias demonstram um cenário mais confortável que outras. Nas regiões mais ao norte do Ceará, por exemplo, onde ficam as bacias hidrográficas do Acaraú, Coreaú e Litoral, a situação é um pouco mais confortável, com volumes acima de 50%. Já a Bacia do Banabuiú, no Sertão Central do Estado, registra apenas 9,5% de volume, devido aos repetidos cenários de seca e faltas de chuvas expressivas dos últimos anos.


Diante disso, a Cogerh, que monitora os reservatórios estratégicos do Estado, planeja a operação dos seus reservatórios de acordo com os volumes registrados ao fim da quadra chuvosa. No processo, são feitas reuniões com os colegiados dos Comitês de Bacias e realizadas simulações dos cenários de uso da água em cada região do Ceará. Segundo o diretor de Operações da Cogerh, Bruno Rebouças, o objetivo é garantir uma operação segura para todos e atender as demandas prioritárias estipuladas pela legislação.


CHUVAS NO TRIMESTRE


O prognóstico divulgado pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) para este trimestre (março, abril e maio) mostra 40% de probabilidade para chuvas acima da normalidade, 40% em torno dela e 20% abaixo da normal observada no período (482 mm).


Segundo Meiry Sakamoto, gerente de meteorologia da Funceme, uma das dificuldades encontradas deverá ser justamente a irregularidade das chuvas. Isso pode dificultar, por exemplo, a recarga hídrica de alguns reservatórios considerados estratégicos no Ceará. “Poderão ocorrer períodos de mais chuva, menos chuva e estiagem”, explica. “Outro ponto importante é a irregularidade espacial na distribuição. Esse fato também está sendo aprovado pelos modelos de previsão”, frisa.


“Igual probabilidade para acima da normal ou em torno da normal refletem as incertezas envolvidas neste prognóstico. Essas incertezas estão relacionadas principalmente a condições oceânicas. Em relação ao Oceano Pacífico, podemos observar que as temperaturas das águas ainda permanecem ligeiramente abaixo da normal, no Oceano Pacífico, característica de uma La Niña de fraca intensidade”, aponta.


Fonte: Jornal Opinião CE

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