Em
entrevista exclusiva, três policiais militares denunciados pelo Ministério
Público no caso de Milagres falaram sobre suas participações no caso. Eles
admitem a "possibilidade" de ter atirado nos reféns, mas sem a
intenção de matar.
"Quando
eu olhei pro Bradesco, pra rua, que a gente estava atirando contra o indivíduo
no poste, não havia mais ninguém. Que olhei pra calçada eu vi um adolescente.
Imediato identifiquei o adolescente", afirma.
"Essa
imagem eu não tiro da minha mente. Eu tenho um filho também. Eu não durmo mais
à noite, ou pelo menos acordo três, quatro vezes à noite, e toda vida vou
olhar, ver como está meu filho na cama. Dou um beijo nele e depois durmo de
novo", completa.
De
agora em diante, o policial diz que pretende ser mais cauteloso, caso ainda
participe de uma ação como a de Milagres. "E acho que daqui pra frente, se
eu ainda tiver a oportunidade de fazer isso, eu vou fazer, vou ter um pouco
mais de cuidado. Porque ninguém sai de casa pra matar inocente", finaliza.
Investigação
De
acordo com os delegados da comissão que investigou o caso, os tiros disparados
em direção do local aonde se encontravam os reféns foram dados quando não havia
mais a situação de confronto. Depois de perceberem a falha, os PMs ainda
retiraram corpos, estojos dos tiros de fuzil disparados e apagaram imagens de
uma câmera de segurança, o que configurou adulteração da cena do crime.
Os
militares narram a sua versão do ocorrido e como o caso em Milagres mexeu com
suas vidas. Eles negam qualquer ilegalidade durante a ação.
Os
militares se reuniram em Fortaleza ao meio-dia de 6 de dezembro, véspera da
ação de uma quadrilha interestadual de ataque a bancos que se movimentava para
a região do Cariri cearense, onde fica o município de Milagres. Eles se
reuniram logo após receberem informações da Coordenadoria de Inteligência
(Coin) da Secretaria de Segurança Pública do Ceará de que os criminosos
planejavam o ataque aos bancos.
Ao
cair da noite, já em no municípo de Milagres, os agentes de segurança fizeram
uma visita à região dos bancos, que ficam próximos um ao outro. Segundo os PMs,
a ação começou por volta de 2h, tendo como ponto de partida os disparos
efetuados pelos assaltantes. Para revidar, os policiais teriam agido no
sentido de neutralizar a ação dos criminosos.
A
investida aconteceu na calçada da Rua José Misael, no momento em que os
policiais iniciaram progressão das proximidades da prefeitura em direção à
agência do Bradesco - os reféns estavam na lateral, próximo a um poste,
conforme versão dos policiais.
"À
medida que nos aproximamos, tiros eram disparados em nossa direção. A gente se
abrigou e iniciou o revide. Atiramos em indivíduos na lateral do Bradesco.
Troca de tiro muito intensa. Quando chegamos na frente do banco, a nuvem de
fumaça do sistema de segurança do banco começou a dispersar", afirma um
dos policiais. Diário do Nordeste
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