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(FOTO: FABIANE DE
PAULA)
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Não
há soluções simples para um problema absolutamente complexo. O uso abusivo de
drogas e seus efeitos são sentidos cotidianamente por dependentes químicos e
quem os rodeia. Dramas humanos. A mudança da situação requer prioritariamente
que pessoas que fazem uso abusivo de drogas queiram tratamento. Na ausência
dessa possibilidade, interná-las contra a vontade gera discussões.
No
Ceará, em 2019, a média mensal, entre janeiro e maio, foi de 87 internações
involuntárias de dependentes químicos em hospitais psiquiátricos e clínicas de
reabilitação, segundo a Secretaria Executiva da Saúde Mental vinculada à
Secretaria da Saúde. Esta semana, a Lei Federal 13.840/19 entrou em vigor e
ampliou as possibilidades de internações desse tipo no Brasil.
Mas,
qual o efeito dessas internações para quem recusa o tratamento? O que muda com
a nova lei? Segundo a Secretaria Executiva de Saúde Mental vinculada, neste
ano, entre janeiro e maio, o Ceará teve 3.294 internações psiquiátricas
involuntárias. Destas, 438 foram motivadas por dependência química. O
equivalente a 13,3% do total. Embora questionada, a Pasta não forneceu dados
sobre o total de internações voluntárias nesse mesmo período no Estado.
Mudanças
A
aprovação da nova lei, além de aumentar o foco no tipo de internação que
deveria ser uma exceção, amplia o rol de pessoas que podem solicitar
internações do tipo. Antes somente familiares e responsáveis legais poderiam
demandar as internações sem o consentimento do paciente. Agora, esta
possibilidade foi estendida a profissionais da saúde, da assistência social e
aqueles que integram o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas
(Sisnad). A restrição aplica-se aos servidores da área da Segurança Pública.
O
psiquiatra e professor do Departamento de Farmacologia da Universidade Federal
do Ceará (UFC), David Lucena, explica que a experiência médica demonstra que no
caso do uso abusivo de drogas, geralmente, a internação voluntária tem um
desfecho melhor em longo prazo, enquanto a involuntária apresenta mais
dificuldades.
"Aquela
pessoa que vai voluntariamente se internar, ela tem um menor potencial de
recair na droga, mas mesmo assim ainda é alto. A internação involuntária para o
uso de drogas é um pouco questionável porque se o indivíduo vai sem o juízo
crítico, em uma fase que a gente chama de pré-contemplação, ele não está nem
contemplando a possibilidade de parar de usar. Se ele é internado
involuntariamente, na maioria das vezes, quando tem alta, ele volta a
usar".
Porém,
pondera ele, em casos extremos, a pessoa que faz uso problemático de drogas
está "completamente entregue a essa condição" e a internação
involuntária pode ser uma possibilidade. "Principalmente quando a pessoa
está em risco de vida ou está colocando outras pessoas em situações
vexatórias", explica. Diário do Nordeste
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