
Os
acréscimos mais significativos ocorreram em Redenção, Icapuí e Tamboril, com
900%, 650% e 500%, respectivamente. Os dados foram divulgados pelo Núcleo de
Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará. Há dois
anos, Redenção registrou apenas um caso da doença. Em 2018, saltou para dez. O
aumento de 900% na enfermidade causada pelo bacilo de Koch - ou Mycobacterium
tuberculosis - ligou o alerta na cidade do Maciço de Baturité. Em Icapuí, o
cenário é semelhante. O número de casos confirmados passou de dois para 15
entre os anos de 2017 e 2018. A adição de 650% põe o Município com incidência
acima do preconizado pelo Ministério da Saúde, que é de 10 casos para cada 100
mil habitantes. Conforme análise do Núcleo de Dados, o índice em Icapuí está
oito vezes além do aceito pelo Ministério.
Em
Iguatu, na região Centro-Sul do Estado, os números dobraram entre 2017 e 2018.
No ano passado, foram confirmados 20 casos. Antônia Gomes Magalhães faz parte
desta estatística. A iguatuense de 61 anos descobriu a doença após ficar 20
dias sem voz. A filha conta que no início, os médicos diagnosticaram a doença
apenas como uma gripe. "Ela começou a tossir e depois foi perdendo a voz.
Quando fomos ao médico, ela foi diagnosticada como se estivesse apenas
gripada", relatou Soraia Magalhães.
Após
três semanas seguidas sem conseguir falar e com quadro de perda de peso, a
família de Antônia Gomes decidiu procurar outro médico. O diagnóstico, desta
vez, foi diferente - e mais grave. "Ela estava com uma mancha no pulmão.
Estava com tuberculose", disse Soraia, lembrando que a mãe chegou a pesar,
em abril do ano passado, 42 kg. "Ela estava muito debilitada".
A
coordenadora do Programa da Tuberculose do Estado, Sheila Santiago, explica que
diagnósticos equivocados, como o que ocorrera com Antônia Gomes, ainda são
bastante comuns. "Muitas pessoas acabam nem procurando o médico por achar
se tratar apenas de uma gripe", destacou.
Silenciosos
Santiago
acredita que "parte deste aumento apresentado nos dois últimos anos está
diretamente ligada ao descobrimento de casos que antes eram silenciosos, isto
é, existiam, mas não se tinha um diagnóstico que apontasse a tuberculose".
Ela
explica que no ano passado, a Secretaria da Saúde do Estado intensificou
programas de treinamentos e capacitações para ajudar a identificar com maior
rapidez o paciente com tuberculose. "Com isso, detectamos diversos casos
silenciosos", destacou. O prejuízo para o diagnóstico errado ou tardio,
conforme explica Sheila Santiago, é importante para evitar a contaminação de
outras pessoas. "Cada paciente que tenha tuberculose pode infectar entre
dez a 15 pessoas a cada ano", alertou a coordenadora.
Preocupação
O
médico infectologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC),
Anastácio Queiroz, externa preocupação com o alto número de casos da doença. "Costumamos
analisar o quadro da década e, observando este período, 2018 foi o ano que
apresentou mais casos confirmados. São quase quatro mil", descreveu.
O
especialista vai além. Cerca de 30% dos infectados no Ceará não tratam a doença
conforme devem. A cura, portanto, não é alcançada. "Estamos falando de um
universo de mais de mil pessoas que têm a bactéria e não estão em tratamento.
Enquanto isso, estas pessoas são transmissoras em potencial da
tuberculose", alerta o médico, ao demonstrar a importância da não
interrupção do tratamento que dura seis meses e tem a medicação ofertada
gratuitamente e de forma exclusiva pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Diário do Nordeste
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