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3 personagens e suas curiosas histórias na praça Padre
Cícero. Na foto, Domingos Sávio, artesão paulista, vende na praça há 16 anos
(Foto: Alana Soares)
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O Orelhão: Cid Sousa
Cid diz ser um professor de Biologia pouco convencional. Ministra aulas em domicílio e usa o nome de Deus para explicar o processo celular, a respiração e a transformação de alimento em energia. Chegou em Juazeiro aos 5 anos, quando seu pai “ouviu o chamado de Deus” e mudou-se Princesa Isabel, na Paraíba, para a terra do Padre Santo. Cid visita a praça Padre Cícero todos os dias “quando o toque de Deus o convida”.
Mora na rua abaixo da praça e viu as três fases mais significativas do lugar. Ali, senta-se à sombra e pratica sua atividade favorita: ouvir conversas alheias. “Gosto muito de ouvir e sou ruim de falar, mas quando falo só falo da palavra e do amor de Deus”, explica. Quando o vi, estava lendo a xerox de um livro sobre ocultismo. Sua orelha empinada denunciou a atenção à minha conversa com outro homem. Tomei como um convite.
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Na praça, Cid Sousa realiza sua atividade favorita: ouvir
conversas alheias (Foto: Alana Soares)
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Dos 52 anos vividos, Domingos Sávio acumulou 26 de trabalho na praça Padre Cícero. Ele é um homem forte, com cabelos cacheados, pele bronzeada e de olhar simpático que vende artesanato de pedra, couro, coco, bronze, aço e moldados. É o único hippie na praça e por isso se diz discriminado por alguns colegas de território e fiscais ambientais.
Dos anos de trabalho, viu cenas assustadoras e se chocou com a violência que assolava a praça quando as gangues rivalizavam. Por essas e outras que apoia a educação e a paz entre as pessoas. Sonha em ver uma “Universidade na favela”.
Nascido em São Paulo, veio para o Crato cuidar da mãe, que tem raízes aqui, e a quem cultiva grande carinho. “Ela ainda me chama de Dominguinhos”, diz sorrindo. Antes disso viajou pelo país. Morou na praia, conheceu o Mato Grosso do Sul, atravessou fronteiras de carona.
Gosta muito das romarias, época em que vende bem e é bem tratado, revela. Já foi até Canindé de carona em ônibus de romaria, trocando ideias e histórias de estrada. “O romeiro é gente feliz. Vez por outra aparece um oferecendo cerveja pra gente beber junto”, diz.
O Militar: Wilson Silva
Francisco Wilson Silva, 72, estava sozinho no banco da praça quando o encontrei. Disse ser um “funcionário da natureza” por hoje em dia trabalhar apenas dando de conta das belas paisagens da aposentadoria. Em outros tempos serviu nas Forças Armadas, onde fez carreia. É natural de Nova Olinda, mas desde os 17 mora em Fortaleza. Diz que visita Juazeiro do Norte há 10 anos, mesmo preferindo se acomodar no Crato quando vem ao Cariri.
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Cartão postal de
Juazeiro do Norte, a praça Padre Cícero foi reinaugurada este ano, com projeto
que resgata tempos áureo (Foto: Alana Soares)
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