QuixadáMais de 11 mil qualificações de mão de obra. Apesar dos números satisfatórios o Centro Vocacional Tecnológico (CVT) de Quixadá está sendo desativado. Este ano, as salas de formação e o laboratório ainda não receberam nenhum aluno. Para o coordenador do Centro implantado na cidade no ano 2000, Idelbrando Ferreira Lima, não é falta de interesse. Jovens aparecem todos os dias a procura de uma oportunidade para se capacitarem, principalmente nas áreas de eletricidade e hidráulica para a construção civil, mecânica para motocicletas e até cabeleireiro.
Embora a crise esteja afetando os 38 CVTs instalados no Estado, e ainda as duas Faculdades Tecnológicas (Fatec), uma delas instalada em Quixeramobim, a situação de Quixadá é peculiar, ressalta Idelbrando. “Apesar de o Centec ter instalado o laboratório e montado a estrutura de funcionamento, disponibilizada desde 2001 aos acadêmicos da Feclesc, o campus da Universidade Estadual do Ceará na região, a direção da faculdade exige a entrega do espaço, embora seja um anexo. Além disso, existem aqui muitas salas de aula vazias, abandonadas”, desabafa.
Outro ponto levantado pelo representante do CVT local está relacionado à politica educacional pública profissionalizante. O Governo do Estado está incentivando e fortalecendo as escolas desse modelo, onde no curso regular de formação do ensino médio recebem capacitação para ingressarem no mercado de trabalho. Embora ainda jovens, quem procura o CVT não está mais inserido no perfil escolar. A opção é contar com o amparo desse modelo opcional, uma espécie de supletivo profissionalizante.
O eletricista predial e industrial Fernando Cosmo Leite, 26 anos, concorda e apoia o posicionamento do coordenador do CVT. Graças aos cursos disponibilizados, aprendeu, se qualificou e também se especializou. Agora, não tem mais preocupação em ficar desempregado. Depois do curso básico de instalação predial, em 2013 começaram a surgir oportunidades. Quando o CVT ofertou o curso de Comandos Elétricos não pensou duas vezes. No básico pagou apenas R$ 20,00 pela inscrição. Na segunda capacitação o valor foi mais elevado, R$ 350,00, mas não pensou duas vezes. Os professores são excelentes.
Hoje, Fernando Leite trabalha na construção do habitacional popular Minha Casa Minha Vida em Quixadá, o maior do Interior do Ceará, com quase 1.500 unidades. A obra está quase concluída, mas a empreiteira sinalizou interesse em mantê-lo contratado. “Há carência de profissionais nessas áreas. A automação predial é uma delas. Instituições como o CVT nos garantem estabilidade e cidadania”, ressalta. Ele recebe salário de R$ 1.280,00 mensais.
A mesma sorte não teve a dona de casa Ana Lúcia Martins. Ela percorreu mais de 20Km, de Choró a Quixadá na esperança de se inscrever no curso de mecânica de motocicletas. Esse é o ofício do marido. Ele está acidentado e não pode atender os clientes, mas da pequena oficina vem o sustento da família, do casal e os quatro filhos. Ela queria aprender pelo menos o básico. Lubrificar, engraxar e trocar uma corrente, desempenar os aros, para não passarem necessidade. “Coisas assim os concorrentes não ensinam. A gente precisa da ajuda de quem pode nos dar”.
Silêncio institucional
A reportagem procurou manter contato com os gestores dos CVTs instalados no Sertão Central e Maciço do Baturité, e da Fatec em Quixeramobim, mas uma nota circular do diretor do Centec proíbe entrevistas relativas à instituição.
Quanto à Feclesc, até a conclusão desta edição o diretor da instituição, professor Luiz Osvaldo, não havia sido localizado para se manifestar acerca do questionamento efetuado pelo coordenador do CVT de Quixadá.

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