quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Alexandre Rossi fala sobre a crescente interação com animais em entrevista exclusiva

Alexandre Rossi é especialista em comportamento animal, palestrante e apresentador de programas de TV e rádio brasileiros / Fotos: Divulgação
O especialista em comportamento Animal, Alexandre Rossi, nos concede esta entrevista exclusiva sobre Antrozoologia, a nova área da ciência que estuda a, cada vez mais crescente, interação entre seres humanos e animais. Ele também fala sobre o que chamo de “Fenômeno Pet” e outros assuntos de grande interesse para nós, apaixonados por peludinhos de quatro patas e por outros bichinhos de estimação. Confiram esta exclusiva!
Valéria Feitosa– Por que a criação desta nova área da Ciência, a Antrozoologia?
Alexandre Rossi – A Antrozoologia é a ciência que estuda a interação entre seres humanos e animais, com foco no vínculo que existe entre eles e suas consequências. Trata-se de um ramo que vem acompanhando justamente o fenômeno da vinculação afetiva cada vez maior dos seres humanos com os animais (especialmente os domésticos), e as influências e consequências que surgem dessa relação.
– Em que o fenômeno pet influencia nos estudos nessa área?
Com o crescimento das cidades e a diminuição do tamanho das residências, a convivência entre as pessoas e seus animais de estimação tem ficado cada vez mais próxima. Além disso, a configuração das famílias mudou e os animais de estimação estão sendo cada vez mais vistos como membros dessas famílias. E isso gera consequências fisiológicas e psicológicas tanto para os homens, quanto para os animais. Por isso os estudos que pretendem analisar as consequências desse vínculo têm avançado cada vez mais.
– Pelas suas viagens pelo mundo, como você avalia o Fenômeno Pet? (Chamo de Fenômeno Pet o crescimento mundial das famílias em convivência com um animal de estimação em seus lares, considerando-os como membros familiares, especialmente cães e gatos).
Que bacana você ter nomeado de “Fenômeno Pet”! É exatamente o que respondi na pergunta anterior. Pelo que pude verificar nos congressos e eventos que participei recentemente, há uma crescente preocupação com o bem-estar do animal de estimação. Por exemplo, no final do ano estive em um evento da Associação Americana de Veterinários Comportamentalistas, onde foram ministradas algumas palestras com o objetivo de provocar o menor estresse possível aos animais de estimação quando vão às clínicas veterinárias.
,Alexandre Rossi fundou a Cão Cidadão em 1998. Ele é formado em Zootecnia e cursa Medicina Veterinária
– Como a Antrozoologia pode auxiliar as pessoas a entenderem mais o comportamento animal?
Eu acredito que entender um pouco melhor as consequências desse vínculo homem-animal pode ajudar as pessoas a olharem para seus pets com outro foco, ou seja, entendê-los como uma espécie diferente da nossa, e procurar adequar a rotina e atividades às necessidades dele enquanto cão e gato, por exemplo.
– Com o Fenômeno Pet, as pessoas tendem a querer tratar os animais como humanos. Quais as consequências disto?
Do ponto de vista do ser humano, a ciência já sugeriu que há consequências boas ao tratar pets como bebês, pois temos uma necessidade natural de cuidar de algum outro ser. Mas, do ponto de vista do animal, esse tipo de tratamento pelo ser humano pode até levar a problemas de comportamento, já que as necessidades comportamentais dele são diferentes das de um bebê humano. O ideal é entender as necessidades do animal como espécie e cuidar dele com esse enfoque.
– Que conselhos você pode dar para que as famílias humanas tenham animais equilibrados e obedientes?
Entender quais são as necessidades comportamentais do animal como espécie (cão, gato, ave) e como indivíduo (mais energia, menos energia, etc), e procurar adequar a rotina e o ambiente com base nesses elementos. Além disso, adestrar com base em reforço positivo ajuda a criar um canal de comunicação muito eficaz entre humanos e animais.

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