Quixadá. O período prolongado de seca não é apenas motivo para lamentações no Interior, pelo menos para os maiores hotéis de Quixadá, o Pedra dos Ventos Resort, o Vale das Pedras - Hotel de Quixadá e o Belas Artes. O faturamento deste mês, às vésperas do pagamento do 13º salário dos funcionários, está ganhando um complemento especial com a chegada de dezenas de hospedes, a maioria estrangeiros, das Américas, da Europa e até da Ásia. São pilotos de parapente, atraídos pelas melhores correntes de ar aquecidas do mundo, para a prática do voo livre percorrendo grandes distâncias.
Para os empresários do setor hoteleiro, como Antônio Almeida, do Pedra dos Ventos, quanto mais seco e quente, melhor. O Seu resort está lotado e deverá permanecer assim até o fim do mês. Temporada com tantos hóspedes durante praticamente duas semanas seguidas, não era registrada há cinco anos. De segunda a domingo, no início das noites, o salão do restaurante fica lotado de suíços, franceses e portugueses. Satisfeitos com o serviço e com os voos, desembolsam, em média, diariamente, R$ 300. São profissionais simples em suas pátrias, mas também apaixonados por voar com suas velas abertas.
No hotel mais novo da cidade, o Vale das Pedras, a taxa de ocupação semanal atual é de 80%. Nos fins de semana, todos os 56 apartamentos ficam ocupados. Na avaliação do supervisor de eventos e reservas, Joelmir Lemos, se depender dos bons ventos, o período continuará positivo até o fim do mês. O complexo hoteleiro também tem no seu restaurante, climatizado, e na realização de eventos outras fontes de recursos, mas a hotelaria realmente é o ponto mais forte, comenta comemorando o bom período. No Belas Artes a situação é a mesma.
O secretário do Desenvolvimento Econômico e Turismo de Quixadá, Fabiano Barbosa, avalia os esportes de aventura, e o voo livre é um deles, como potenciais para a economia local, de municípios vizinhos e até outros Estados. Pelos levantamentos feitos por ele, numa boa temporada, os pilotos injetam mais de R$ 1,2 milhões na cidade. Apesar de o movimento financeiro girar principalmente em torno do comércio, servidores públicos e aposentados, essa injeção de dinheiro é bem-vinda, principalmente numa época de estiagem prolongada, destaca.
Pioneirismo
A seca foi o motivo de o voo livre começar a ser praticado, há pouco mais de 20 anos. O empresário Antônio Almeida e amigos foram os pioneiros. "Onde as pessoas viam a paisagem cinzenta, uma seca desoladora, encontramos um verdadeiro paraíso para a prática do voo livre. Esse clima é ideal para voos mais arrojados e de longa distância, e também uma excelente fonte de renda. Construímos o Pedra dos Ventos com esse objetivo. Criamos o X Ceará e, por meio dele, o 'Havaí do Voo Livre' foi descoberto pelo mundo".
Para o idealizador e realizador do Meeting XC Quixadá, ex-piloto Paulo Rocha, que oferece, pelo oitavo ano, infraestrutura necessária para o translado, hospedagem, decolagens e resgates dos pilotos, o número de participantes pode até dobrar, mas é preciso maior interesse dos gestores públicos e da iniciativa privada. Ele cita como exemplo a falta de uma casa de câbio ou o serviço ser disponibilizado pelos bancos da cidade.
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