domingo, 8 de novembro de 2015

MP da Suíça contesta a defesa de Cunha

O congelamento das contas dó presidente da Câmara dos Deputados ocorreu após surgirem suspeitas de que o dinheiro não tinha origem lícita ( FOTO: REUTERS )
São Paulo. O Ministério Público da Suíça aponta inconsistências na defesa apresentada pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e diz que as movimentações financeiras realizadas por ele indicam suspeita de lavagem de dinheiro de origem ilícita. Segundo as autoridades suíças, a decisão de bloquear as contas atribuídas a Cunha ocorreu depois que as investigações apontaram para depósitos incompatíveis com a remuneração dele como presidente da Câmara dos Deputados.
Na sexta-feira, Cunha detalhou que sua defesa ocorrerá em duas frentes. No Conselho de Ética da Câmara, onde é acusado de quebra do decoro, ele tentará provar que não mentiu quando disse não possuir contas no exterior. Na âmbito jurídico, no qual é investigado em inquéritos no Supremo Tribunal Federal, alegará não ter recebido dinheiro público desviado da Petrobras.
Fontes próximas ao processo de Cunha na Suíça, porém, afirmaram que o congelamento das contas só ocorreu depois que ficou clara a existência de suspeitas de que o dinheiro não tinha origem legítima.
Essas mesmas fontes confirmaram que Cunha é, sim, o responsável pelas contas. "Existe uma suspeita inicial suficiente de que, também em relação a estas transações efetuadas para Cunha, trata-se de produtos criminosos", alertou informe interno do Ministério Público suíço.
"Existe uma forte suspeita de que os pagamentos efetuados às contas de Cunha são pagamentos de propina e que Cunha é culpado também por lavagem de dinheiro", disse o MP.
Trustes no exterior
Na última sexta, Cunha afirmou ter constituído trustes no exterior que administram ativos adquiridos pelo peemedebista entre 1985 e 1989, quando ele comercializava mercadorias no exterior, a maior parte carne congelada para a África, sobretudo o hoje extinto Zaire. O truste consiste na entrega de um bem ou valor a uma instituição (fiduciário) para que seja administrado em favor do depositante ou de outra pessoa por ele indicada (beneficiário).
Segundo ele, na década de 1980, os rendimentos foram aplicados em offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal. Cunha disse ainda ter levado seus investimentos para o banco Merrill Lynch nos Estados Unidos no ano de 1993.
Depois de algum tempo, ele afirmou ter aplicado recursos "em terceiros", retornando à instituição financeira, constituindo dois dos três trustes identificados pelo MP da Suíça nos documentos encaminhados à Procuradoria-Geral da República - Orion SP e Triumph SP.

Nenhum comentário:

Postar um comentário