segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Temer diz que 'trabalha e trabalhará' com Dilma

Vice-presidente tentou colocar panos quentes em polêmica depois de ter dito que Dilma poderia não concluir o segundo mandato ( FOTO: AGÊNCIA BRASIL )
São Paulo. O vice-presidente da República, Michel Temer, divulgou uma nota, ontem, afirmando que "trabalha e trabalhará junto à presidente Dilma Rousseff para que o Brasil chegue em 2018 melhor do que está hoje". Na quinta-feira (3), ele havia dito ser difícil que a petista consiga chegar ao final do mandato se a popularidade dela continuar tão baixa e que o País precisa de alguém para reunificá-lo.
O texto reforça, ainda, que o peemedebista "age nos limites do seu cargo" e "não se move pelos subterrâneos, pelas sombras, pela escuridão". Segundo a nota, Temer repudia "teorias" de que suas atitudes "podem levar à ideia de conspiração". "Seu compromisso é com a mais absoluta estabilidade das instituições nacionais", afirma.
"A sua única cartilha é a Constituição. Especialmente a atual, que tem a democracia como seu fundamento estruturante. É legalista por convicção e vício profissional. Seu limite é a Lei. Sabe até onde pode ir", diz o texto assinado pela Assessoria de Comunicação Social e publicado no site da Vice-Presidência da República.
A nota afirma que a "divisão" e a "intriga" agravam a crise política e econômica e defende a união. "Todos seus atos e pronunciamentos são nessa direção. Defende que todos devem se unir para superar a crise. Advoga que a divisão e a intriga são hoje grandes adversários do Brasil e agravam a crise política e econômica que enfrentamos", diz o texto oficial.
Ambas as falas foram interpretadas por alguns aliados de Dilma como oportunismo do vice, que estaria tentando abrir caminho para, eventualmente, ocupar seu cargo. O ex-presidente do PSB, Roberto Amaral, chegou a chamá-lo de golpista.
A afirmação de Temer sobre a possibilidade de Dilma não concluir o segundo mandato, dita a empresários em São Paulo na quinta, também animou os parlamentares pró-impeachment.
Recentemente, Temer deixou a articulação política do governo -a chamada política no "varejo"- cargo que ocupava desde abril, e se queixou à presidente de que era excluído de decisões importantes. Dias depois, ele recusou uma sondagem de Dilma para voltar ao cargo. Entretanto, afirmou que segue à disposição do Planalto para tratar da macropolítica.
Setores do PMDB usam a situação para pedir que o partido desembarque oficialmente do governo -alguns caciques peemedebistas, como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ) já o fizeram. Temer vem, entretanto, pregando cautela e reforçado que está com o governo.
O vice-presidente articulou para amanhã uma reunião entre os sete governadores peemedebistas e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros (AL), ambos do PMDB. Nas palavras do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, o objetivo é "organizar o País".
Fragilidade
Em entrevista publicada ontem no jornal argentino "Página 12", o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre o risco de impeachment de Dilma e destacou o papel central da política na superação da crise econômica.
"Sei que hoje temos uma certa insegurança na base de sustentação política do governo por divergências entre a Câmara dos Deputados e o governo, e os partidos políticos... Mas se recuperarmos a harmonia política podemos resolver os problemas econômicos. Faz muito tempo que discuto a economia, sempre mirando a política", disse.
Questionado se o impeachment está descartado do cenário nacional, Lula respondeu que "não há nenhuma razão" para que isso ocorra e defendeu que as denúncias de corrupção devem ser separadas da condução do governo. "Não se pode pensar em um impeachment só porque há problemas econômicos. Ao mesmo tempo há denuncias de corrupção, mas isso deve ser separado do âmbito de governança do País", disse Lula.

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