domingo, 16 de agosto de 2015

Manifestações do dia 16 são legítimas na aparência. Mas golpistas em sua essência

Pecar pelo silêncio, quando se deveria protestar, transforma homens em covardes” Abraham Lincoln
As grandes manifestações populares são uma maca das democracias universais. A França, por exemplo, assistiu à grandes concentrações populares pelas ruas de Paris em muitas fases de sua história democrática. Na realidade, as manifestações de rua são fruto da insatisfação do povo com os governos, sejam autoritários ou mesmo democráticos. O ano de 1968 foi surreal e atípico. No Brasil e no mundo. Não à-toa o jornalista Zuenir Ventura escreveu o precioso 1968 – ano que não terminou . Na obra, Zuenir fez a reconstituição de um dos anos mais contraditórios e fascinantes de toda a história mundial. Marcado pelo radicalismo e pela polarização ideológica, 1968 foi palco de revoluções culturais, políticas e sociais em todo o mundo. No Brasil vivia-se a ditadura militar, os estudantes iam às ruas como forma de resistência, protestar e travar combates com a polícia. Em solo pátrio, foram estas as manifestações mais marcantes:
PASSEATA DOS 100 MIL
Corria o ano de 1968 e a ditadura militar já estava instaurada no país desde 1964. Cansados da repressão, da prisão de inocentes, dos mandos e desmandos dos militares, a população – liderada pelos movimentos estudantis e revolucionários – decide ir às ruas do Rio de Janeiro em protesto. 100 mil pessoas gritaram por liberdade no Rio.
DIRETAS JÁ, 1984
A ditadura militar já vinha se enfraquecendo, mas ainda estava no controle do país, neste momento liderado por João Figueiredo, o último presidente escolhido pelos militares. Lideradas pelos movimentos estudantis, sindicatos, líderes religiosos – como Dom Evaristo Arns e Dom Helder Câmara – e artistas, as passeatas pela volta das eleições diretas (votadas pelos cidadãos) aconteceram no Rio de Janeiro, com mais de um milhão de pessoas na Candelária, e em São Paulo, que levou cerca de um milhão e meio de pessoas à Praça da Sé.
IMPEACHMENT – 1992
Fernando Collor vinha com baixa aprovação, por conta do confisco das cadernetas de poupança, inflação altíssima e acusações de corrupção. Em 1992, um grande escândalo estourou quando Pedro Collor, irmão do presidente, denunciou um esquema de corrupção envolvendo o presidente.. Os movimentos estudantis, uma das mais fortes lideranças dos protestos, saiam às ruas com o rosto pintado de verde e amarelo, o que deu origem ao movimento conhecido como “caras pintadas”.
MANIFESTAÇÕES PELO BRASIL – 2013
Os primeiros protestos eram contra o aumento das passagens de ônibus em São Paulo, mas a violenta repressão policial indignou grande parte da população que decidiu mobilizar-se pela liberdade de expressão (garantida pelo Artigo 220 da Constituição Federal) e em apoio aos manifestantes feridos e presos. As redes sociais (Facebook, Twitter), assim como a mídia independente por meio de blogs e comunidades virtuais, tiveram um papel importante para o fortalecimento da mobilização pública, divulgando informações, fotos e vídeos dos abusos, o que gerou a maior onda nacional de protestos de todos os tempos.
A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM
No próximo domingo, manifestações estão arcadas para acontecerem pelo país agora. Novamente São Paulo, berço do conservadorismo nativo, ou do reacionarismo patológico das elites, deve registrar o maior público. Diferentemente de outas manifestações, embora legítimas, as de domingo, como as anteriores deste ano, vão ser marcadas pela intolerância, o reacionarismo e o golpismo. Palavras de ordem tipo fora Lula ( e Lula não já está fora do pode desde 2010?), impeachment de Dilma e volta as ditadura serão os chavões bradados pela turba da direita tupiniquim. Tudo muito legal na aparência, mais de um golpismo visceral na essência as manifestações protagonizadas por uma turma que anda saudosa dos coturnos de 64.

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