Na manhã desta sexta-feira (12), a Perícia Forense esteve no prédio e realizou levantamentos para auxiliar a Polícia na investigação ( foto: Honório Barbosa )
Iguatu/Fortaleza. Portas arrombadas, gavetas reviradas, dois computadores destruídos, um revólver de um policial militar roubado e uma pequena quantidade de maconha levada. Esse foi o resultado de uma ação rápida de um grupo armado que rendeu o PM que fazia a segurança e invadiu o Fórum de Justiça desta cidade, na região Centro-Sul do Ceará, na noite de quinta-feira (11). O expediente foi suspenso na sexta-feira (12). Na quinta-feira, Iguatu havia vivenciado um dia de boatos de ações criminosas em redes sociais.
O delegado regional de Polícia Civil de Iguatu, Jerffison Pereira, disse que os criminosos procuravam armas e drogas. “Não há mais armas dos processos criminais guardadas no Fórum, elas estão no quartel do Batalhão de Polícia Militar”, frisou. O delegado ouviu em depoimento, no fim da tarde de sexta-feira, o policial militar da Reserva Remunerada (identidade preservada) que fazia a segurança do prédio durante o ataque,
No momento da ação, o policial estava do lado de fora quando foi abordado. A porta principal de vidro e a grade de ferro não foram arrombadas. O PM foi amarrado com fita adesiva, fios e cabo elétrico no pescoço. Todas as salas foram reviradas.
A ação durou cerca de 20 minutos. Segundo o militar que foi rendido, quatro homens armados chegaram em dois carros, por volta das 21 horas. “Eles estavam atrás de armas e drogas. Fui amarrado e me deixaram em uma sala”, afirmou.
O diretor da 2ª Vara, Cícero Cavalcante, disse que o fato já foi comunicado ao Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) e à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) pela juíza da 2ª Vara, diretora do Fórum, Ana Carolina Cavalcanti. A magistrada disse que na segunda-feira (15), o expediente será normal.
O perito criminal da Perícia Forense do Cearense (Pefoce), Idelci Costa, colheu impressões digitais e levou fitas e fios usados para amarrar o policial. “Arrombaram todas as portas de madeira das salas e gavetas”, relatou.
Cobranças
Na tarde de sexta-feira, a Associação Cearense dos Magistrados (ACM) convocou a imprensa para fazer cobranças ao TJCE e a SSPDS em relação à segurança dos fóruns do Interior.
De acordo com o presidente da Associação, juiz Antônio Araújo, já são 13 atos de violência em fóruns contabilizados somente neste ano. “Os fóruns do Interior têm proteção extremamente frágil. A maioria não possui sequer um profissional de segurança ou vigilância. São locais onde o cidadão, juiz e outros operadores do Direito estão vulneráveis à criminalidade. Mesmo onde há equipamentos de segurança, como detectores de metal, não surte efeito prático, pois falta profissional para operá-los. A cada ocorrência, cobramos soluções das autoridades responsáveis, que são o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará e a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social”.
Invasões
Conforme a ACM, foram invadidos neste ano os Fóruns dos municípios de Cascavel, em 22 de janeiro; o de Aracati, em 1º de fevereiro e 20 de maio; Mulungu, entre 5 e 10 de fevereiro, durante o recesso do Carnaval; Uruoca, em 5 de abril; Independência, em 11 de abril; Nova Olinda, em 23 de maio; Alto Santo, em 16 de maio; Missão Velha, em 30 de maio; Várzea Alegre, em 24 de julho; e Antonina do Norte, em 3 de agosto.
O presidente da entidade reclamou que, em nenhuma das ações, houve uma conclusão do Inquérito Policial ou prisão de nenhum suspeito. “Nenhuma das ocorrências foi elucidada. É como se houvesse uma impotência total por parte do Estado. É necessário haver providências conjuntas e enérgicas”, disse.
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