sábado, 7 de maio de 2016

Mulher acolhe sobrinha como presente do Dia das Mães

 Sobral Aos 42 anos e mãe de três filhos, a dona de casa Maria das Dores Domingos, moradora de Mumbaba, no município de Massapê, a 18 quilômetros de Sobral, não imaginava que pudesse reviver a rotina da maternidade com a chegada de mais uma criança. Mas os planos de acompanhar o crescimento dos três filhos foi alterado com a chegada da pequena Maria Clara, prematura de sete meses, que perdeu a mãe, irmã de Maria das Dores, treze dias após o parto.
Segundo os médicos que atenderam a mãe de Maria Clara, no Hospital de Massapê, quando ela deu entrada já inconsciente, a mulher, de 37 anos, foi vítima de complicações em decorrência de eclâmpsia, afecção grave que ocorre geralmente no fim da gravidez, caracterizada por convulsões associadas à hipertensão arterial. Depois de transferida para a Santa Casa de Misericórdia, foram treze dias em coma, até que não resistiu. A criança, que havia sido transferida, logo ao nascer, para o Hospital Regional Norte (HRN), passou a receber atendimento especial para ganhar peso, já que não apresentava sinais de doença.
Presente do Dia das Mães
Maria Clara, que deu entrada no setor neonatal no dia 4 de abril, tem sido acompanhada de perto pela tia, que vai criá-la como filha, a pedido da irmã, que dias antes da cirurgia complicada, havia dado a ideia, caso não resistisse ao parto. "Minha irmã me fez esse pedido porque achava que poderia não estar aqui quando a Maria Clara nascesse. Inclusive, o nome foi ela mesma quem escolheu", disse Maria das Dores, entre lágrimas pelo sentimento de perda e, ao mesmo tempo, pela emoção de voltar a ser mãe. "Eu não imaginava que isso pudesse acontecer, até porque eu era muito unida à minha irmã, mas não achava que aquela sensação que ela dizia ter fosse se tornar realidade. A Maria Clara tem sido uma alegria e um presente do Dia das Mães que nunca vou esquecer", disse emocionada, ao lado do bebê.
Maria Alice dos Santos, 21, de Granja, também na zona norte, é outra mamãe que divide espaço com Maria das Dores na Enfermaria Canguru, com capacidade para 10 leitos. A jovem não tem a mesma experiência de vida de Maria das Dores, mas também passou por complicações na hora do parto, que anteciparam a chegada da pequena Angelina, de 19 dias. Maria Alice diz que tinha medo de perder a filha, também nascida de sete meses, já que havia sido vítima de aborto numa primeira gestação, quando mais jovem. "Essa segunda gestação foi complicada porque eu achava que poderia sofrer outra perda, mas graças a Deus tudo deu certo, apesar do susto. Agora é esperar ela ganhar peso para poder voltar para casa, depois do Dia das Mães, que eu vou comemorar aqui com meu marido e minha filha", disse, enquanto olhava com ternura o sono de Angelina, encostada ao seu peito, com ajuda do método canguru, modelo de assistência aos prematuros que os deixa mais próximos dos pais, num contato pele a pele.
Enquanto a filha se recupera, Maria Alice aproveita o leite que sobra da amamentação de Angelina e reserva no Banco de Leite Humano (BLH) do HRN. Essa coleta sistemática tem ajudado a alimentar outras crianças internadas na Unidade, assim como a pequena Maria Clara, que em breve terá alta para morar com a nova mãe, que a tia se tornou.
Doações
Foi em junho do ano passado que o BLH passou a oferecer o serviço de pasteurização, que agiliza o atendimento e amplia a oferta de leite materno. Os números de 2015 mostram que no primeiro semestre, o setor recebeu 1.127 mulheres, com uma média mensal de 15 doadoras, para cerca de 30 bebês.
Neste ano, entre janeiro e abril, o BLH fez 3.768 atendimentos, com média de 942 mensais; apoio de 144 doadoras; do total, 170 recém-nascidos foram beneficiados com leite doado (43,5l), com média aproximada de 11l mensais coletados. O suficiente para suprir a demanda da UTI Neonatal chega a 20l. Quando o HRN era posto de coleta interna, com uma média de 10l coletados, eram enviados para Fortaleza, pasteurizados no Hospital Geral César Cals, mas 30% tinham que ser doados ao hospital como acordo pelo serviço.
Para atender a demanda, entre os dias 16 e 20 deste mês, o HRN realiza a Campanha de Aleitamento Materno, em comemoração ao Dia Mundial de Aleitamento Materno (19). A partir dessa mobilização, o atendimento deve ser estendido ao público externo às quartas-feiras, das 7h às 8h. "O objetivo é garantir nosso estoque e a regularidade da assistência prestada à região", disse Samara de Andrade, coordenadora do BLH.
Mais informações:
Campanha de Doação de Leite Materno do HRN
Data: de 16 a 20 de maio
Horário: das 7h às 18h
Telefone: (88) 3677-9410

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