Jaguaribara. Há quatro meses os piscicultores deste Município aguardam uma prometida ajuda do governo do Estado, por meio da Secretaria de Agricultura, Pesca e Aquicultura (Seapa), após a perda de 3,5 mil toneladas de tilápia, no mês de junho. A paralisação da atividade, devido à falta de condições dos piscicultores, tem gerado impactos negativos, com o desemprego e a falta de renda. O clima na cidade é da revolta e apreensão.
Em um relatório elaborado pela Secretaria de Pesca do Município, após a mortandade, foram identificados 168 produtores que declararam perdas na piscicultura. Esse número é composto por três associações, uma cooperativa, produtores não associados e empresas, que no total, geravam emprego para 558 famílias. Ainda segundo o relatório, a perda total ficou em pouco mais de 3,5 mil toneladas de tilápia, e o prejuízo ficou calculado em R$ 21 milhões.
Com a incerteza da produção, a falta de recursos para recomeçar e o desemprego, o clima tem sido desesperador entre os piscicultores, segundo relatou o presidente da Associação dos Criadores de Tilápia do Castanhão (Acritica), Edivando Feitosa, o Padim, como é mais conhecido. Ele conta que após as perdas, em junho; e a promessa do governo em ajudar o Município, alguns piscicultores que ainda tinham algum recurso começaram investir novamente na atividade, colocando gaiolas, agora em locais mais distantes da parede, onde aconteceu a mortandade.
"Hoje mesmo chegaram dois piscicultores que disseram que não têm ração para dar ao peixe amanhã e que vão ter que vendê-lo do tamanho que está e todo o material, porque não há como continuar", relatou. Ele acrescenta que a tilápia, quando colocada para engorda a partir de um alevino, leva sete meses para chegar ao tamanho para venda e que, no momento, os piscicultores que arriscaram, estão com apenas quatro meses de retorno da atividade.
Demora
O grande problema, de acordo com suas informações, tem sido a demora do governo em dar a ajuda que, segundo ele, é um valor de R$ 4 milhões para a compra de ração e alevinos. "Se começarem a entregar a ração agora em novembro, vão dividir a entrega em quarto vezes, de acordo com o que falaram, então vão terminar só em até fevereiro, depois daí tem mais sete meses pra tirar o peixe. Mas, com o nível que vem diminuindo a água do açude, podemos perder tudo de novo", alertou.
Feitosa também conta que alguns avanços foram conseguidos para que os piscicultores tivessem um tempo a mais para quitar as dívidas. Primeiramente foi conseguida uma renegociação das dívidas com Banco do Nordeste (BNB), junto a Superintendência. "O banco prorrogou dois anos para o fim do contrato. Então temos que começar a pagar a partir de 2017. Foi um avanço grande para quem perdeu tudo", ressalta. Já com o Banco do Brasil, ele conta que o fim do contrato foi entendido para 2016, podendo ser prorrogado por mais um ano.
Além dos bancos, os fornecedores de ração deram seis meses de carência para que os piscicultores quitassem seus débitos, com pagamentos que poderão ser parcelados em até dez vezes. "Fora a Prefeitura e os aposentados, essa é a renda de Jaguaribara, não temos como continuar esperando. Precisamos que o problema seja resolvido logo", completou Feitosa.
De acordo com o prefeito Francini Guedes, a falta de renda gerada pela piscicultura tem causado impactos negativos para a população. "As pessoas estão sem renda. O comércio está parado. Jaguaribara precisa da piscicultura", ressaltou.
Ele explica que, à época da mortandade, foi baixado um decreto de calamidade e que, desse modo, haveria a possibilidade de os recursos serem liberados de imediato. "O governo quer comprar das empresas e entregar, isso via licitação, o que causa demora. Nosso pedido de que fosse de forma emergencial está em análise pelo governo. Sendo aprovado, o recurso sairia de imediato", explicou. Ainda de acordo com o prefeito, já há duas empresas vencedoras para o fornecimento de alevinos e ração e a posição do governo poderá sair a qualquer momento. "O que está acordado é que todo o recurso disponibilizado pelo Estado para este fim, no caso os R$ 4 milhões, seja liberado ainda neste ano", complementou.
Sobre outros recursos buscados junto ao governo para complementar as atividades produtivas do município, Francini informou que o Estado assegurou R$ 300 mil para o pagamento da energia e manutenção do Projeto Mandacaru, de bovinocultura leiteira, e que estão sendo pleiteados também R$ 250 mil para os produtores dessa localidade que não foram contemplados com o crédito fundiário. "Esperamos que o quanto antes o Município possa ter mais esse reforço na economia e na geração de empregos", finalizou.
A Reportagem entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da Seapa, mas até o fechamento desta edição não houve retorno de duas questões básicas encaminhadas acerca do laudo técnico sobre as causas da mortandade elevada de peixe no Castanhão, em junho passado, e acerca das ações de apoio por parte do governo em socorro aos pequenos piscicultores que registraram elevados prejuízos.
Houve, logo após a tragédia registrada no reservatório, sinalização por parte do governador do Ceará, Camilo Santana, de que haveria ajuda para os piscicultores retomarem a atividade produtiva.
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