quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Professor é condenado a 10 anos de prisão

Promotoria, à frente da acusação, recorreu da sentença proferida, uma vez que a família da vítima faz campanha exigindo a pena máxima para o réu ( Foto: Kiko Silva )
O professor de música e informática Andrei Erik Landim Pimentel foi condenado a 10 anos de prisão em regime fechado pela morte da companheira Ana Cristina Vieira do Amarante. O julgamento, realizado ontem, durou aproximadamente 9 horas, terminando apenas por volta das 20h30. A promotoria recorreu da decisão pois a família da vítima quer pena máxima.
O crime ocorreu em 5 de agosto de 2012. A mulher foi assassinada na casa onde o casal vivia, no bairro Jardim das Oliveiras, em Fortaleza, com três tiros, enquanto dormia. O crime teria sido cometido por ciúmes.
O julgamento foi acompanhado por familiares e amigos de Ana Cristina. Inicialmente marcada para as 9h, a sessão teve mais de duas horas de adiamento graças ao atraso na chegada da escolta do réu.
Andrei Erik chegou ao Fórum Clóvis Beviláqua às 11h10, sendo dado início à sessão pela juíza Daniela Lima da Rocha, da 3ª Vara do Júri. Quando o réu entrou no salão, houve comoção nas fileiras e mulheres vestindo camisas alusivas à Lei Maria da Penha choraram.
Após a abertura dos trabalhos, foram sorteados os jurados e feita a pausa para o almoço. O julgamento retornou somente às 12h30. Cinco testemunhas de acusação foram ouvidas.
Remarcação
O julgamento havia sido remarcado outras duas vezes. Em 17 de abril e 25 de junho deste ano, as sessões foram adiadas porque o laudo psiquiátrico da Perícia Forense do Ceará (Pefoce), requerido pelo Ministério Público do Ceará (MP/CE), não havia sido concluído. A acusação afirmou que o laudo entregue ontem apontava que o réu é portador de depressão, mas que isso não seria suficiente para interferir nas tomadas de decisão, bem como na interpretação dos atos que cometeu.
A acusação ficou a cargo do promotor de justiça Humberto Ibiapina com as advogadas Edna Gomes de Lima e Ana Dantas Cavalcante como assistentes de acusação. A defesa foi promovida pelo defensor público Eduardo Antônio Andrade Villaça.
Familiares relatavam que desejavam ouvir a sentença máxima ser proferida ao réu como forma de gerar sentimento de justiça. "Foi um crime bárbaro, que deixou toda a minha família chocada, destruída. Foi muito doloroso e cruel o que ele (Andrei Erik) fez. Tivemos que mudar de casa onde a família morava há 35 anos. Esse crime deixou nossa família desestruturada, mas confio na Justiça", disse Hélio Amarante, irmão da vítima.
Assim como Hélio, outras pessoas que acompanhavam o julgamento usavam camisas com a foto de Ana Cristina. Na entrada do Fórum, duas faixas criticando o feminicídio e cobrando justiça para o caso foram afixadas.
Crime
De acordo com os autos, o crime foi cometido na madrugada de um domingo. Na noite anterior ao homicídio, o casal havia discutido porque Ana Cristina teria saído de casa sem a companhia de Andrei. A mulher, que trabalhava em uma imobiliária na Capital, teria ido ao teatro com uma irmã e com ela permaneceu até por volta das 22 horas daquele sábado. Ao chegar em casa, teve início a discussão.
Na madrugada do domingo, 5 de agosto de 2012, o acusado assassinou a vítima com vários disparos, no momento em que ela dormia. Após o crime, o homem fugiu do local. Ainda retornou, pegou alguns objetos, e somente reapareceu no dia seguinte, quando se apresentou espontaneamente à Polícia e confessou o crime. Andrei Erik afirmou que faz tratamento psiquiátrico desde 2008 por sofrer de depressão profunda e que é usuário de drogas. Entretanto, por não haver mais flagrante, foi liberado.
Dois dias depois, o réu confesso teve a prisão preventiva decretada e foi submetido a exame de sanidade mental. A primeira avaliação, feita por uma psiquiatra, concluiu que Andrei Erik tinha diminuição da capacidade de entendimento do caráter criminoso do fato. Dali, foi transferido para o Instituto Psiquiátrico Governador Stênio Gomes (Manicômio Judiciário). O laudo apresentado ontem, segundo a acusação, era assinado por um perito.
Segundo o Ministério Público do Ceará (MPCE), o casal vivia junto há mais de um ano e meio, tendo se conhecido no Carnaval de 2011. Conforme relatos colhidos junto a familiares, Ana Cristina estava depressiva por causa do ciúme excessivo de Andrei Erick. Além disso, ela sentia-se constrangida por ser obrigada a participar de vídeos eróticos produzidos por ele.
Alguns dias antes do assassinato, o acusado adquiriu um revólver e munição. A atitude assustou a mulher, que buscou ajuda da família, afirmando estar com medo do companheiro.
À Polícia, Andrei Erik alegou ter comprado a arma com o objetivo de cometer suicídio, mas, durante a discussão com a companheira, perdeu o controle e disparou várias vezes contra a mulher. A família e os amigos de Ana Cristina realizaram um movimento que exige pena máxima para o réu, reivindicando os direitos da mulher segundo a "Lei Maria da Penha".
Levi de Freitas
Repórter

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