Russas. Mesmo com a restrição de água afetando o Perímetro Irrigado Tabuleiro de Russas, neste município, a produção de uva tem conseguido se manter graças a alternativas adotadas por produtores. Hoje a fruta ocupa uma área de 21 hectares e tem água assegurada até o final deste ano.
Uma das preocupações dos irrigantes e da gerência do Distrito Irrigado Tabuleiro de Russas (Distar) é a escassez de água em decorrência de mais um ano de seca. Com a baixa recarga dos açudes, os órgãos gerenciadores encontram dificuldades de manter a produção e o consumo humano. Para tanto, em reunião do Comitê das Bacias do Jaguaribe e Banabuiú, ocorrida no início de julho, foram definidas as novas realocações de água para o segundo semestre deste ano.
Na área do Distar, que já vinha sendo impactada pelas drásticas reduções na liberação de água, foi destinada uma vazão de 2m³/s, que visa atender toda a área de 2.650 hectares de culturas perenes. Frutas como uva, banana e goiaba serão mantidas, porém, não devem ter ampliadas suas produções.
"Algumas áreas de frutas foram mantidas. Com essa vazão, as culturas temporárias, como grãos, foram interrompidas até que a oferta de água se normalize. A preocupação dos irrigantes agora é que essa redução afete a produtividade", informou o gerente administrativo do Distar, Aridiano Belk.
Ainda segundo ele, as reduções na oferta d'água, que vêm ocorrendo com mais força desde o ano passado, têm comprometido não só a produção mas a geração de empregos. Até o fim do primeiro semestre deste ano, a área produzida foi reduzida pela metade, comprometendo 1.700 empregos diretos.
A redução também causou impactos na econômica das localidades no entorno do Distrito. Para os produtores de uva a situação motivou a busca por alternativas para driblar a baixa oferta de água e garantir a continuidade da produção. O irrigante gaúcho Ronaldo Pilotti cultiva uvas no Distrito desde setembro de 2011. Sua área, que compreende dois lotes totalizando 14,7 hectares, é preenchida essencialmente pelas variedades Itália e Benitaca, uvas de mesa, como são conhecidas.
Impacto
Para garantir que o produto não falte ao mercado com o impacto na redução de 25% na oferta de água para irrigação, ele conta que desde novembro do ao passado vem adotando medidas para melhorar o uso eficiente da água.
"A gente passou a não irrigar no período chuvoso, tentando aproveitar ao máximo essa água. Ainda em novembro do ano passado, começamos a usar a folha de carnaúba no tronco na planta, para manter a umidade e com isso irrigar menos tempo. Atingimos excelentes resultados", conta ele, explicando que foi necessário investimento na compra da palha, que é abundante na região, mas representou 5% do custo de produção, o que gerou uma economia, evitou perdas e compensou a redução de água. A experiência com a palha da carnaúba rendeu ao irrigante um gasto hídrico 30% menor do que teria uma irrigação sem a utilização da palha.
"Com um consumo normal, estaríamos gastando 35 mil m³ por mês. Hoje, nosso consumo caiu pra 25 mil m³/mês", comemora o produtor.
Além disso, Pilotti conta que houve também uma diminuição nas horas irrigadas. "Antes, irrigávamos por volta de 2h30min a 3h todos os dias. Atualmente, a irrigação é feita de 1h30min a 1h40min/dia", ressaltou.
Garantida
A economia contribuiu para o bom uso da água e uma economia no bolso do produtor. "Essa água esta garantida para nós até o fim do ano. Já no ano que vem, não sabemos como vai ser. É torcer para haver um bom inverno", finalizou.
A área de uvas no Distar é de 21 hectares e abrange cinco propriedades. A produtividade no primeiro semestre do ano passado, segundo dados da gerência do Distrito, foi de 300 mil quilos de uva, de janeiro a junho, o que representa, em reais, uma produção de R$ 762 mil.
A uva produzida no Tabuleiro de Russas abastece o comércio da região do Baixo Jaguaribe, bem como a Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa-CE) e supermercados de algumas cidades do Rio Grande do Norte.
Ellen Freitas
Colaboradora
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